A Polícia Nacional está a investigar um suposto desvio de um donativo oferecido pela Federação Internacional da Cruz Vermelha para as vítimas das enxurradas de 2015 na província angolana de Benguela, que terá sido colocado à venda no município de Viana, em Luanda.
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Vindo da África do Sul, por estrada, o donativo compreende, entre vários bens, medicamentos, tendas, cobertores e utensílios de cozinha, que saíram dos armazéns da Cruz Vermelha de Angola (CVA) para um mercado informal
À saída da Direcção de Combate aos Crimes Financeiros e Fiscais do Serviço de Investigação Criminal (SIC), onde esteve a prestar depoimentos na qualidade de declarante, na última semana, o presidente da Comissão de Gestão da Cruz Vermelha, Baltazar Mateus Pedro, revelou que três funcionários da organização, entre eles o antigo secretário-geral, estão na mira das autoridades.
“Declarámos as irregularidades que se verificavam na altura da venda de produtos para doação. Foram tendas, kits de panelas, cobertores e comprimidos para desinfectar a água. Lamentámos que o sabão tenha estragado nos armazéns. Os senhores Dionísio e Engrácia é que estavam a vender, eram grandes quantidades, sob orientação do então secretário-geral’’, denuncia o líder da Comissão que substitui a anterior direcção.
A gestão da Cruz Vermelha de Angola na última década, com a empresária Isabel dos Santos à frente, foi outro tema em destaque na conversa com o SIC
“Nós falámos não apenas do material que foi vendido, mas também da má gestão, sobretudo da questão financeira. Essa má gestão durou doze anos’’, resume Pedro.
Num contacto com a VOA, o antigo secretário-geral, Walter Quifica, disse, sem preferir gravar entrevista, que está pronto para, se for o caso, colaborar com a justiça, mas adverte que as acusações devem ser provadas.
Apesar dos esforços não foi possível conseguir um pronunciamento do Serviço de Investigação Criminal, que efectuará outras diligências no seguimento desta operação.
Recorde-se que as cheias na província de Benguela em 2015 deixaram ao relento milhares de famílias, que continuam sem a prometida habitação condigna.