A população da província moçambicana de Tete vive apreensiva, após a descoberta da variante indiana Delta do novo coronavírus e recorre à formas pouco convencionais para a prevenção, que incluem a inalação de vapor de folhas de eucaliptos e mangueiras.
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A presença da variante Delta da Covid-19 em Tete foi confirmada em laboratórios da África do Sul.
Nas cidades de Tete e Moatize moradores relataram à VOA casos de “tosse agressiva”, que suspeitam que têm a ver com a nova variante, situação que provoca pânico e força muitos a adoptar um confinamento voluntário e a socorrer-se de formas caseiras de prevenção.
“Todos ficamos com medo da nova variante se propagar rapidamente e as pessoas já não frequentam aglomerados; as pessoas ficam em casa e há medo” disse à VOA Hélder Bernardo, um morador de Matema, um populoso bairro de Tete.
“Muitos estão a tomar precauções no sentido de não acontecer o pior. Disseram que a variante é mortífera, e eu tenho recorrido ao tratamento com folhas de eucaliptos e de mangueira para inalar, beber e tomar banho com água fervida”, disse Bernardo.
“Aqui na cidade de Moatize a situação não está boa. A cidade acolhe várias empresas mineiras, incluindo indianas e com vários trabalhadores estrangeiros a circular, além da própria população que não adopta medidas de prevenção o que se torna um perigo” disse Willson Denny.
As autoridades de saúde em Tete, que manifestaram sua preocupação com o aumento de casos do novo coronavírus nas últimas semanas, além de novos internamentos hospitalares e óbitos, dizem que estão a reforçar as medidas de prevenção da doença.
Prevenção
Xarifu Gentivo, médico-chefe da província de Tete, disse que o aumento de casos seguiu-se ao relaxamento das medidas de confinamento, o que sugere uma má interpretação e implementação das medidas pela população.
O responsável assegurou que está a ser intensificada a fiscalização e monitoria, com o apoio da Polícia e outros sectores, o uso obrigatório de máscaras e medidas de higiene nos lugares públicos, mercados e ruas na cidade de Tete com o maior número de contaminação.
“Apesar de ser uma variante mais contagiosa, mais transmissível, que se propaga com uma rapidez maior, não muda aquilo que é o padrão de prevenção, porque a forma de transmissão e de prevenção não muda com a variante” explicou sublinhou Xarifu Gentivo, adiantando que a se cumprirem as medidas “poderemos reduzir os casos”.
Contudo, a maior preocupação nesta vaga “é mesmo com o internamento”, disse.
“Nas últimas semanas, aumentamos o número de internados, e estamos actualmente com 14 doentes internados, e nas últimas 24 horas tivemos quatro internados e um total de dois óbitos” disse Gentivo, que receia que o crescimento rápido de casos possa colapsar o sistema de saúde como já aconteceu noutros países.
A província de Tete tem agora 308 casos activos, sendo o maior número na cidade de Tete, com 245.
Moçambique tem um total acumulado de 848 mortes e 72.507 casos da doença.