O líder da Renamo, Ossufo Momade, diz que o partido tem de ser reestruturado para que possa corresponder ao seu potencial político, e isso passa por ganhar as próximas eleições, tanto as autárquicas quanto as gerais.
Your browser doesn’t support HTML5
Ossufo Momade acaba de fazer uma digressão por algumas províncias moçambicanas, nomeadamente Nampula, Sofala e Manica, onde, em encontros com militantes, a tónica dominante da sua intrvenção foi a reestruturação da Renamo.
Veja Também A Renamo tem obrigação moral de travar os ataques de dissidentes, diz Venâncio Mondlane"Urge reestruturar o Partido, para assegurar a vitória nas eleições autárquicas de 2023, e gerais de 2024, temos que trabalhar muito para que a vitória em pleitos eleitorais passe de sonho à realidade", apelou Ossufo.
O docente universitário Clávio Ubisse diz que "este processo deve começar já, porque uma democracia sem oposição forte e sem alternância do poder, não é viável".
Para o diretor do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, este discurso é novo, claro e importante porque representa uma nova maneira de fazer política na Renamo, diferente da do tempo em que o partido tinha como líder Afonso Dhlakama, que ditava tudo.
Ele avançou que a Renamo "precisa dessa reestruturação porque os recentes resultados eleitorais não corresponderam àquilo que é o seu potencial político".
Raúl Domingos, que já militou na Renamo, diz esperar que a reestruturação resulte numa maior coesão porque "as cisões e as fraquezas, acabam beneficiando a Frelimo".
"Falar do MDM e do PDD é falar da Renamo, ou seja, o eleitorado destes dois partidos é eleitorado da Renamo, que, entretanto, este partido está a desprezar. Mais do que nunca, a Renamo tem que repensar a sua estratégia e evitar a fragilização", defendeu Raúl Domingos, que actualmente preside ao Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD).
Liderança contestada
Afonso Dhlakama morreu em Maio de 2018 e, desde essa altura, a Renamo está numa crise de transição da liderança porque este processo tem sido inconclusivo, na opinião de alguns analistas.
Veja Também Mariano Nhongo: “Não negoceio com quem não valoriza a vida dos que morreram pela democracia”Para além de Mariano Nhongo, que lidera a auto-proclamada Junta Militar da Renamo, surgiu muito recentemente, Henriques Dhlakama, filho de Afonso Dhlakama, que também contesta a liderança de Ossufo Momade, considerando-o ditador.
Este jovem, que tem interesse em ser candidato presidencial, não é membro da Renamo.
"Uma eventual reestruturação da Renamo pode reforçar a liderança de Ossufo Momade", afirmam analistas.
O analista Francisco Matsinhe não tem dúvidas que a reestruturação só vai ser benéfica para a própria Renamo, que tem um forte apoio em alguns dos mais importantes círculos eleitorais do país.