União Europeia insta Ruanda a parar de apoiar rebeldes M23 na República Democrática do Congo

  • AFP

Residentes evacuados de uma zona atacada pelo M23, no Congo

A União Europeia (UE) instou, neste sábado (31), o Ruanda a parar de apoiar o grupo rebelde M23, que conquistou faixas de território na província de Kivu do Norte, na vizinha República Democrática do Congo (RDC).

A RDC, juntamente com os Estados Unidos e vários países europeus, acusou repetidamente o seu vizinho da África Central de apoiar a M23, embora Kigali, capital de Ruanda, negue a acusação.

O grupo rebelde tutsi avançou nos últimos meses para algumas dezenas de quilómetros da capital da província, Goma.

O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, disse no sábado que o bloco europeu instou Ruanda a "parar de apoiar o M23 e usar todos os meios para pressionar o M23 a cumprir as decisões tomadas pela EAC (Comunidade da África Oriental)", na cimeira de novembro, em Angola.

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"Também exorta firmemente a todos os estados da região a impedir o fornecimento de qualquer apoio a grupos armados activos na RDC", disse Borrell.

Ele pediu a Kinshasa que "tome todas as medidas necessárias para proteger a população civil no seu território".

Sob forte pressão internacional para desarmar, o M23 participou numa cerimónia, na semana passada, para entregar a cidade estratégica de Kibumba a uma força militar da África Oriental como um "gesto de boa vontade" pela paz.

Farsa

A EAC também disse que o grupo teve que se retirar para a fronteira entre a RDC, Uganda e Ruanda.

No entanto, o exército congolês prontamente chamou a transferência de Kibumba de "farsa".

Os comentários de Borrell vieram depois que um relatório de especialistas da ONU sobre a República Democrática do Congo indicou que havia coletado provas de “intervenção direta” das forças de defesa de Ruanda dentro do território da RDC entre pelo menos novembro de 2021 e outubro passado.

O relatório dos especialistas diz que as tropas ruandesas lançaram operações para reforçar o M23 contra as Forças Democráticas de Libertação de Ruanda (FDLR), de maioria hutu, principalmente com o fornecimento de armas, munições e uniformes.

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Kigali vê as FDLR como uma ameaça que justifica intervenções dentro da RDC.

Ruanda também acusou a RDC, onde as eleições presidenciais estão marcadas para Dezembro próximo, de usar o conflito para fins políticos, bem como de fabricar um massacre de, pelo menos, 131 civis em Novembro. Uma investigação da ONU culpou os rebeldes do M23 por essas mortes.

Kagame recusa

Numa declaração no sábado, Kinshasa saudou as conclusões dos especialistas da ONU, que disse que "põe fim às mentiras e manipulações" de Ruanda. Dada a gravidade das denúncias, pediu ao Conselho de Segurança da ONU que examinasse o relatório de especialistas com vistas a possíveis sanções contra Ruanda.

Enquanto isso, o presidente de Ruanda, Paul Kagame, culpou Kinshasa pelo caos nas suas regiões orientais devastadas pela guerra, no seu discurso de Ano Novo.

"Depois de gastar dezenas de biliões de dólares em manutenção da paz nas últimas duas décadas, a situação de segurança no leste do Congo está pior do que nunca", disse Kagame em um comunicado, no sábado.

"Para explicar esse fracasso, alguns na comunidade internacional culpam Ruanda, embora saibam muito bem que a verdadeira responsabilidade recai principalmente sobre o governo da RDC.

"Já é hora de parar a difamação injustificada de Ruanda” disse.

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