O presidente da UNITA, na oposição, disse nesta terça-feira, 5, em Luanda que a Comissão de Reconciliação em Memória às Vítimas dos Conflitos Político (CIVICOP) foi sequestrada pelo MPLA, partido no poder, para conseguir os seus intentos políticos.
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Numa comunicação à imprensa, Adalberto Costa Júnior condicionou o regresso dos seus membros à referida comissão com o retorno aos verdadeiros objetivos da sua criação.
O líder da oposição propôs a criação de uma Comissão da Verdade e Reconciliação Nacional, como na África do Sul.
O antigo deputado do MPLA João Pinto diz que tal proposta não faz sentido.
Veja Também Angola: CIVICOP debaixo de fogo após revelar ossadas de vítimas de “conflitos internos” na UNITA"É altura de abraçarmos uma Comissão da Verdade e Reconciliação Nacional, é mais genuína e mais verdadeira, para que os angolanos tenham coragem de abordar com responsabilidade partilhada, o seu passivo enquanto irmãos da mesma pátria", afirmou Costa Júnior, para quem a CIVICOP há muito deixou de versar o verdadeiro objetivo para o qual foi criada.
"A CIVICOP foi sequestrada e está hoje ao serviço de um gabinete, cujos objetivos não vão ao encontro dos definidos na sua criação, privilegiar a reconciliação e a paz de espíritos, há um silêncio ensurdecedor, vive-se um golpe de teatro, o coordenador foi substituído pelo chefe dos serviços de inteligência que usa abusivamente o nome da CIVICOP, uma iniciativa meramente instrumental e uma oportunidade de lavar de mãos as responsabilidades do MPLA e do seu Governo", apontou o líder da UNITA, que citou, especialmente, "os massacres do 27 de Maio, da sexta-feira sangrenta, ao massacre do conflito étnico pós-eleitoral de 1992, entre outros que vitimaram dezenas e dezenas de milhares de angolanos em todo território, com destaque para Luanda".
Veja Também Governo angolano diz ter encontrado ossadas de dissidentes mortos pela UNITAPor seu lado, o antigo deputado e membro do MPLA João Pinto considera que a UNITA está a agir fora de tempo.
"É extemporânea porque em Angola foi assumido publicamente, depois não são comparáveis o que ocorreu na Africa do Sul e o nosso caso, lá houve um sistema de apartheid, por cá houve uma guerra civil, um problema ideológico de confrontação e foi superado e até formou-se um Governo de reconciliação nacional", aponta Pinto, que sublinha que "criar uma comissão da verdade
não tem lógica".
"Nós não podemos continuar sempre a recuar, quando há algo que a UNITA não se revê, ou outra personalidade, quer usar a negociação, criar-se mais um órgão, o Estado tem que permanecer normal, nem tudo tem de ser feito fora das instituições", conclui Pinto.
Adalberto Costa Júnior voltou a fazer um pedido de desculpas em nome do seu partido, às famílias de todas as vítimas dos conflitos, pedido este que já tinha sido feito pelo seu antecessor, Isaías Samakuva.