Os confrontos entre a polícia angolana e os fiéis da seita A Luz do Mundo desde o dia 15 no Huambo deixaram mais de 1.080 mortos e não apenas nove policias e 13 civis como disseram as autoridades.
A denúncia é do líder da bancada parlamentar da Unita Raúl Danda que desde quinta-feira, 23, lidera uma delegação do partido do galo negro que se deslocou a Huambo para investigar a situação.
"Foi uma chacina em nome de qualquer coisa que a gente não consegue perceber", disse Danda que, em conversa com a VOA, revelou ter sido impedido de entrar na área onde aconteceram os confrontos e que se acredita estarem vários fiéis de José Julino Kalupeteka mortos, feridos e escondidos.
Raúl Danda revelou ter contactado várias fontes, entre elas pessoas que estavam na serra Sumi e que presenciaram os confrontos antes de fugirem.
De acordo com essas fontes, cerca de três mil seguidores da seita estariam no local aguardando pelo fim do mundo como "profetizara" Kalupeteca e resistiram à prisão do seu líder.
Entretanto, ao contrário do que disseram as autoridades, Raúl Danda afirma que, de acordo com testemunhas, os seguidores de Kalupeteka também não estavam armados.
A Procuradoria-Geral da República diz estar a investigar o caso, enquanto a Polícia Nacional garante que irá combater a seita e levar os responsáveis pelas mortes dos seus agentes à justiça.
As autoridades têm bloqueado o acesso à serra onde tiveram lugar os confrontos e activistas de direitos humanos e o advogado Zola Ferreira, da associação Mãos Livres, foram impedidos de contactar o líder da seita José Julino Kalupeteka, que, segundo eles, foi duramente torturado e encontra-se em risco de morte num hospital desconhecido.