Um estudo temático publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola revela que,no último ano, uma em cada cinco mulheres angolanas (21,7%) revelou ter sido vítima de violência física "frequentemente ou às vezes".
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Especialistas ouvidos pela VOA defendem uma forte aposta na educação e consciencialização das mulheres, que ainda têm medo de se expor.
O documento revela que quase um terço (31,7%) da população feminina com idade entre os 15 e os 49 anos afirma ainda ter sido vítima de violência doméstica em algum momento da sua vida, enquanto a partir dos 20 anos a percentagem de mulheres que sofreram violência física estabiliza-se entre os 32,9% e os 35,6%.
Ainda assim, 22,2% da mais jovem faixa etária analisada - entre os 15 e os 19 anos - já foi vítima de violência física.
O psicólogo Carlinhos Zassala aponta a frustração, os factores culturais, religiosos, psicológicos e sociológicas como estando na base da violência matrimonial.
O académico sugere a intervenção de especialistas “na educação e consciencialização das mulheres sobre os seus direitos”.
Por seu lado, o activista de direitos humanos Castro Freedom ressalta o facto de muitas mulheres violentadas preferirem não apresentar queixa às autoridades “por desconhecimento das leis e por vergonha de serem expostas”.
Em Angola a violência doméstica é um crime público mas o analista diz que estas leis não são devidamente divulgadas.
As províncias de Malanje (com 56%) e Lunda Norte (52%) registam o maior número de mulheres que assumiram ter sido vítimas de violência doméstica ao longo da sua vida.
No outro lado do espectro, a província de Cuando Cubango, com 8%, apresenta o menor número de casos relatados de violência contra mulheres dentro do agregado familiar.
Na capital angolana, Luanda, 30% das mulheres dizem já ter sido vítimas de violência física.
O relatório assinala ainda a existência de violência física cometida por mulheres contra o parceiro, tendo este número alcançado os 5%, no último ano, enquanto 6% dos homens afirmam já terem sido vítimas em algum momento.
O estudo conduzido pelo INE e pelo Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS), entrevistou 19.800 pessoas - 14.379 mulheres e 5.421 homens - entre 2015 e 2016.