O director da Amnistia Internacional na Turquia, Taner Kiliç, foi preso nesta quarta-feira, 7, pela polícia turca sob a acusação de estar ligado à organização do clérigo islâmico Fethullah Gulen, opositor do Governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.
O mandatário turco acusa a rede de Gulen de ter organizado a tentativa fracassada de golpe de Estado de julho de 2016.
Desde a tentativa de golpe, as autoridades turcas prenderam mais de 50 mil pessoas e suspenderam mais de 150 mil funcionários públicos das suas funções, incluindo soldados, policias e professores, sob a acusação de ligações com grupos terroristas.
Kiliç foi detido juntamente com outros 22 advogados na província litorânea de Esmirna.
Ele estava em casa quando foi preso pelos agentes e levado até à sede da organização não governamental, que foi revistada pelos agentes.
“Taner Kiliç tem um longo e honrado histórico de defesa exactamente desse tipo de liberdades que as autoridades turcas estão agora pisoteando", afirmou Salil Shetty, secretário-geral da Amnistia Internacional.
A Amnistia Internacional exige a libertação imediata dos detidos e o fim dos procedimentos judiciais contra o grupo diante da "ausência de provas críveis", e avalia que as prisões demonstram o caráter "arbitrário" do expurgo realizado após o golpe.
As autoridades turcas ainda não quiseram comentar oficialmente a prisão.
Entretanto, fontes do Governo turco alegaram que essa ruptura é necessária por causa da gravidade da tentativa de golpe, na qual mais de 240 pessoas morreram.
Fethullah Gulen, que vive exilado nos Estados Unidos desde 1999, negou qualquer envolvimento com a tentativa de golpe de Estado e o condenou.
Segundo alguns opositores de Erdogan, o próprio presidente turco teria utilizado a tentativa de golpe como pretexto para poder levar adiante uma política repressiva contra as oposições e os dissidentes.
Os Estados Unidos se declararam “profundamente preocupados” com a prisão de Kiliç e exortaram a Turquia a respeitar os procedimentos judiciais.
A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, Kiliç é "apenas o último de uma série de defensores dos direitos humanos, jornalistas, universitários e militantes detidos na Turquia".
"As detenções de indivíduos como o senhor Kiliç prejudicam o debate público e minam a qualidade da democracia na Turquia”, salientou Nauert.