A Associação dos Órfãos, a Associação 27 de Maio e o Grupo de Sobreviventes do 27 de Maio de 1977, que se desligaram da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas de Conflitos Políticos (CIVICOP) por não se identificarem com os seus princípios, defendem a criação de uma Comissão da Verdade para uma efetiva reconciliação nacional em Angola.
Elas também denunciam o que consideram ser constantes violaçoes dos princípios internacionalmente aceites para a identificação dos restos mortais.
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Francisco Júnior, mais conhecido por Kúdia, destaca a falta de cumprimento dos princípios de unidade e a ausência de uma comissão da verdade.
“A preocupação é aquela que nos fez sair em primeira instância da CIVICOP, que é a comissão da verdade, cumprimento dos princípios universalmente aceites, assim como ouvir os sobreviventes e familiares essas são regras universais” afirma aquele ex-Comissário Político Nacional da Organização de Defesa Popular (ODP).
O também antigo companheiro de Agostinho Neto na primeira viagem à então União Soviética, acusa as autoridades de ignorarem as suas preocupações.
“As autoridades nunca nos responderam oficialmente quando dirigimos oficialmente as nossas propostas” disse Kúdia, aventando a possibilidade de um recurso a instâncias internacionais.
CIVICOP "está a cumprir"
A Voz da América tentou entrar em contato com o coordenador da CIVICOP, Marcy Lopes, sem sucesso.
Entretanto, Silva Mateus, presidente da Fundação 27 de Maio, encoraja as autoridades a continuarem o trabalho e diz que a comissão está a cumprir os princípios inicialmente definidos.
“Esses tais grupos faziam parte da CIVICOP, depois de duas ou três reuniões se afastaram... e nós estamos satisfeitos com isso, porque os cinco princípios pelas quais nós lutamos são esses que estão a ser implementados”, assegura Silva Mateus.
Recorde-se que a UNITA, que também integrava a CIVICOP, abandonou a comissão no final do ano passado por considerar que o Governo estava a violar os princípios da sua criação.