O Presidente dos EUA, Donald Trump, enfrenta ventos contrários para conseguir a sua reeleição na terça-feira, 3, e assim evitar ser o terceiro Presidente a fazer um único mandato na Casa Branca em 40 anos.
Trump está atrás do seu opositor democrata Joe Biden em cerca de oito pontos percentuais nas pesquisas nacionais, mas nos Estados-chave, que vão decidir a eleição, a diferença é bem menor.
Depois de se recuperar do coronavírus que o levou ao hospital durante três dias no início de outubro, doença que matou mais de 230 mil americanos até agora, segundo a Universidade Johns Hopkins, o comandante em chefe, de 74 anos, realizou uma campanha implacável em Estados determinantes, como Flórida, Michigan e Pensilvânia.
Ele chegou a visitar três ou mais Estados por dia para se encontrar com os seus apoiantes, de bonés vermelhos, com o slogan “Make America Great Again” (Fazer a América Grande Outra Vez).
Os partidários de Trump lembram que ele também esteve atrás da democrata Hillary Clinton em 2016 antes de, inesperadamente, ganhar três Estados tradicionalmente democratas do norte, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, e assim chegar à Casa Branca.
Perder para o pior candidato, não!
Em outubro, Trump declarou num comício em Wisconsin que ele pode repetir isso pela segunda vez: "Não vamos perder, vamos vencer."
Mas ele também falou sobre a possibilidade de perder: “Se eu perder, terei perdido para o pior candidato, o pior candidato da história de uma campanha presidencial. Se eu perder, o que faço? Eu prefiro concorrer contra alguém que é extraordinariamente talentoso, pelo menos, dessa forma eu posso ir tranquilo e continuar a minha vida”.
Seja qual for o seu destino político, Trump continua a atrair milhares de apoiantes para os comícios ao ar livre, na tentativa de reproduzir o sucesso da campanha de há quatro anos.
Na maioria das vezes, ele apareceu sem máscara, ignorando o conselho de especialistas em saúde em meio à pandemia do coronavírus não controlada no país, e a grande maioria dos seus apoiantes repetiram o exemplo e não cobriram o rosto.
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Em 2016, Trump era mais conhecido como um magnata do mercado imobiliário, apresentador de reality show e um iniciante na política. Agora, ele tem um mandato de quatro anos como Presidente para defender, com a pandemia do coronavírus a ser o maior problema, mesmo quando ele tenta levar a campanha para a melhoria da economia do país depois de ter sido dizimada pelo vírus.
O Presidente põe ênfase na menor taxa de desemprego em 50 ano no país, de 3,5%, antes que do que ele chama de "vírus da China" ter invadido os Estados Unidos e promete restaurar a economia novamente. Na quinta-feira, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos informou que o Produto Interno Bruto cresceu 7,4 por cento no terceiro trimestre, o ritmo mais rápido já registado.
Embora Biden tenha atacado implacavelmente a gestão da pandemia pelo Presidente, chamando-a de caótica, indiferente e errática, Donald Trump diz aos eleitores que o país “dobrou a esquina” na forma de lidar com a pandemia.
Mas o número de infecções nos EUA aumentou novamente, tendo atingido mais de 90 mil casos positivos por dia no fim-de-semana.
Pesquisadores do Governo e empresas farmacêuticas dizem que estão próximos de uma vacina que pode estar pronta nas próximas semanas. Mas nenhuma foi aprovada ainda e não será até o dia da eleição, como Trump prometeu.
O Presidente foi visto por muitos eleitores como uma espécie de desconhecido político quando concorreu em 2016, que decidiram arriscar nele, apesar de vários analistas e pesquisadores terem apostado que ele perderia a eleição.
Ao contrário do que é prática em Washington, ele optou por governar através das redes sociais, com comentários duros contra os seus adversários políticos no Twitter, onde também anunciava as suas decisões.
Os apoiantes dele classificam-no de ousado e inovador e dão-lhe crédito por recuperar a frase “América Primeiro” em todo o mundo, ao mesmo tempo que assinava dezenas de decretos presidenciais que reduziam o controlo do Estado sobre a economia, agilizando assim o processo produtivo.
Economia e Supremo Tribunal
O Governo Trump enumera os seus sucessos nos últimos três anos e meio, como a forte redução de impostos, que beneficiou empresas e os contribuintes americanos, o acordo comercial parcial com a China, a construção de parte do muro ao longo da fronteira mexicana para conter a migração ilegal (embora o México não tenha pago por isso, como Trump afirmou que aconteceria) e as novas relações diplomáticas entre Israel e três países vizinhos árabes.
Por outro lado, ele conseguiu a confirmação do Senado para os três juízes conservadores indicados para o Tribunal Supremo, consolidando uma maioria conservadora de 6-3 que pode afectar, nas próximas décadas, a legislação do país em temas como aborto, saúde, imigração, porte de armas, lei eleitoral e outras questões por décadas.
Os críticos acusam Donald Trump de ter prejudicado as relações com aliados tradicionais dos EUA na Europa e na Ásia, enquanto se aproximou de governantes autoritários como Vladimir Putin, da Rússia, Xi Jinping, da China e Kim Jong Un, da Coreia do Norte.
Os republicanos tentaram retratar Trump como decisivo no combate ao coronavírus, ao proibir a entrada de passageiros da China no início de 2020, após o surto inicial do vírus em Wuhan.
Mas Trump tem expresso o seu cepticismo sobre a letalidade do vírus e o seu efeito nos EUA. Numa entrevista televisiva no final de fevereiro que é frequentemente reproduzida nas notícias, Trump previu que o coronavírus "iria desaparecer".
“Um dia, é como um milagre, vai desaparecer”, disse.
Questionado há alguns meses para avaliar o número de mortos nos EUA, Trump respondeu: "É o que é".
Numerosas pesquisas mostram que os americanos desaprovam a forma como Donald Trump lida com a pandemia, mas agora a questão chave da eleição para o Presidente é se esse sentimento se traduz em eleitores que o vão destituir ou se os sucessos por ele enumerados garantem um segundo mandato na Casa Branca.
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