Trump diz aos americanos que “estamos apenas a começar”

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APTOPIX Trump Speech

No discurso ao Congresso, Presidente americano diz ter feito mais desde janeiro do que qualquer outro no mesmo período e menciona Moçambique como local de um programa de gastos supérfluos

O Presidente dos Estados Unidos afirmou nesta terça-feira, 5, que o seu Governo alcançou mais no curto espaço da sua Presidência desde janeiro do que outros no total dos seus mandatos.

“Para os meus concidadãos, a América está de volta", começou Donald Trump depois de aplausos de pé dos seus colegas republicanos. "O nosso país está à beira de um retorno como o mundo nunca viu, e talvez nunca mais verá", acrescentou.

Trump disse ter introduzido “o senso comum” no governo.

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"Só estamos a começar", afirma Presidente Trump ao abrir o discurso no Congresso

No seu primeiro discurso da sessão conjunta do Congresso, neste seu segundo mandato, o Presidente americano detalhou os principais aspectos do seu programa político para os próximos quatro anos.

O discurso foi marcado inicialmente por vaias de um legislador democrata, Al Green, que foi forçado depois a abandonar a sala pela segurança.

Deputado Al Green a ser escoltado para fora da sala

Green, sacudindo sua bengala para Trump, parecia estar a gritar que Trump não ganhou um mandato na eleição de novembro depois do presidente se gabar das vitórias dos Republicanos. Enquanto ele era conduzido para fora da câmara, alguns republicanos cantaram, "Nah, nah, nah, nah, hey, hey, good bye ( adeus)."

Após a saída de Green, Trump disse, “que não há absolutamente nada que eu possa dizer para fazê-los felizes ou fazê-los ficar de pé, sorrir ou aplaudir."

O Sonho Americano

Sob o tema “Renovação do Sonho Americano” o Presidente abordou os principais temas da sua agenda de governação, entre as quais o combate à migração ilegal, a redução dos gastos governamentais através da redução do número de funcionários federais e ajuda externa e ainda a sua política comercial de imposição de tarifas alfandegárias ao México, Canadá e China.

Trump fala dos seus sucessos nos primeiros 43 dias

O Presidente disse que o seu governo fez mais em 43 dias “do que a maior parte dos governos alcançaram em 4 anos ou oito anos”.

“E estamos apenas a começar”, disse o Presidente.

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Presidente Trump considera Conselho dos Direitos Humanos da ONU "anti-americano"

“O nosso espírito está de volta, o nosso orgulho está de volta, a nossa confiança está de volta e o Sonho Americano está a seguir em frente, maior e melhor do que sempre”, disse o presidente

O Presidente defendeu a saída dos Estados Unidos da “corrupta” Organização Mundial de Saúde e do acordo do clima que disse custar aos Estados Unidos milhões de dólares “e que os outros não pagam”.

Moçambique mencionado

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Trump menciona Moçambique na lista de gastos supérfluos do Governo americano

Detalhando os gastos supérfluos do governo e o combate à corrupção levado a cabo pelo recém criado Departamento de Eficiência Governamental liderado pelo multimilionário de origem sul-africana Elon Musk, o presidente mencionou gastos em diversos programas em países em redor do mundo incluindo Moçambique.

Trump disse que o governo tinha um programa de 10 milhões de dólares para “circuncisão em Moçambique”.

Não deu contudo outros pormenores.

O Presidente criticou asperamente a burocracia do governo federal e disse que “acabam os dias em que burocratas não eleitos governam”.

A guerra de tarifas alfandegárias

O sistema e tarifas, disse o Presidente, é injusto para os americanos, anunciando que a partir de 2 de abril os Estados Unidos irão aplicar as mesmas tarifas aplicadas aos produtos americanos.

“Fomos aldrabados durante décadas por todos os países do mundo e não vamos permitir que isso continue”, disse.

“Quando impuserem tarifas a nós, nós impomos tarifas a eles, quando nos aplicam impostos nós aplicamos-lhes impostos, se aplicam tarifas não monetárias para nos manter fora dos seus mercados, então nós aplicaremos barreiras não monetárias para os manter fora dos nossos mercados”, disse o Presidente.

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Presidente Trump diz ter trazido de volta ao país a liberdade de expressão

“Vamos arrecadar triliões de dólares e criar empregos como nunca foi feito antes”, acrescentou.

As tarifas, disse o presidente, não só protegem os empregos de americanos mas também “a alma” do país.

A imigração ilegal

O Presidente acusou o seu antecessor Joe Biden de seguir uma política “de loucos” ao abrir as fronteiras permitindo a entrada de milhões de imigrantes ilegais no país.

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Presidente americano congratula-se pelo trabalho feito na fronteira sul do país

O Presidente defendeu a sua política de expulsão dos imigrantes ilegais do país afirmando que já alcançou “os números mais baixos de travessia de fronteiras jamais alcançados”.

“Os meios de informação e os nossos amigos do Partido Democrata diziam que precisávamos de nova legislação para garantir a segurança da fronteiras mas afinal o que realmente precisávamos era um novo presidente”, afirmou, exemplificando depois com crimes cometidos por imigrantes ilegais.

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Presidente Trump diz ter trazido de volta ao país a liberdade de expressão

Lei e Ordem

O Presidente acusou “a esquerda radical lunática” de ter “virado ao contrário o sistema judicial” e disse que o seu governo tomou medidas para “atuar rápida e decisivamente para restaurar a justiça justa, igual e imparcial”.

Trump defendeu a abolição da política de “diversidade e inclusão”, afirmando que todos devem ser contratados com base no “mérito e não na raça ou género”.

O Presidente disse que quer que o congresso aprove um programa para construir um sistema de defesa anti míssil para proteger os cidadãos americanos, querendo também incentivar a construção de navios de guerra e civis.

Donald Trump disse que o Canal do Panamá será revertido para os Estados Unidos e disse reconhecer o direito dos habitantes da Gronelândia decidirem o seu futuro, mas acrescentou que os Estados Unidos consideram o território como essencial para a sua segurança.

Ucrânia

O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump defendeu a sua política para com a Ucrânia afirmando estar a trabalhar “incansavelmente para pôr termo ao conflito selvagem” nesse país.

No que diz respeito à Ucrânia o presidente disse que os Estados Unidos enviaram centenas de milhar de milhões de dólares para apoiar a defesa da Ucrânia, “mas a Europa tristemente gastou mais dinheiro a comprar petróleo e gás russo do que gastou a defender a Ucrânia – de longe” .

O Presidente referiu se à declaração de Zelenskyy que está pronto a entrar em negociações acrescentando que a Rússia também quer fazer o mesmo.

“É tempo de acabar com esta loucura. Para terminar a guerra é preciso falar com todos”, disse.

O Presidente terminou o seu discurso de cerca de duas horas prometendo a construção de uma América mais forte.

“Todos os dias iremos lutar lutar lutar pelo pais em que as pessoas acreditam e merecem”, disse Donald Trump.

“A era dourada da América apenas começou”, disse.

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"Elegeram-me para eu fazer o trabalho. E estou a fazê-lo", Donald Trump

A tradição

Tecnicamente, este não foi um discurso sobre “o estado da união” já que Donald Trump assumiu a presidência há pouco mais de um mês, mas o ritual e o objetivo político foi o mesmo, detalhar a política do governo perante toda a elite política e judicial do país e ao povo americano através da televisão.

Para além das esmagadora maioria dos membros da Câmara dos Representantes e do Senado dos dois partidos, estiveram também presentes os membros do Supremo Tribunal, e o gabinete governamental. Alguns membros do partido Democrata não compareceram em sinal de protesto contra as políticas da administração Trump.

Como é de tradição, os partidos trazem convidados especiais para sublinhar os seus programas políticos.

Entre os convidados do partido Republicano encontrava-se Noa Argamani, uma das reféns capturadas pelo Hamas no ataque a Israel em Outubro de 2023 e ainda a esposa de Wesley Hayes morto por um imigrante ilegal que conduzia embriagado. Os Republicanos já tornaram claro que vão continuar a fornecer grande apoio a Israel e o combate à imigração ilegal é um dos principais aspetos do programa político do Presidente Trump.

Entre os convidados contava-se também a família de Corey Comperatore, o apoiante de Trump morto em Butler na Pensilvânia na tentativa de assassinato de Donald Trump.

Já os Democratas convidaram funcionários federais recentemente despedidos como parte dos planos do governo para reduzir o seu número.

Um pequeno grupo de manifestantes reuniu-se perto do Capitólio com cartazes pedindo o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia.