Um tribunal russo manteve a prisão do jornalista norte-americano Evan Gershkovich durante uma audiência de apelação realizada nesta terça-feira, 18. em Moscovo.
A defesa de Gershkovich pediu a revisão da prisão preventiva, para aguardar em liberdade o processo em que é acusado de espionagem.
O repórter do Wall Street Journal estava com os braços cruzados dentro de um gabinete de vidro e metal no tribunal.
A embaixadora dos EUA na Rússia, Lynne Tracy, que visitou o jornalista ontem também esteve presente.
Gershkovich foi preso na cidade de Yekaterinburg, nos Urais, a 1.800 quilómetros a leste de Moscovo, enquanto fazia uma reportagem.
A procuradoria russa afirma, sem apresentar provas, que ele foi apanhado“em flagrante”, enquanto recolhia o que alegou serem segredos de Estado sobre um complexo industrial militar.
O jornal e o Governo dos Estados Unidos rejeitaram a acusação de espionagem, crime que, na Rússia, dá até 20 anos de prisão.
Ao comentar a aparição do jornal hoje, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que Gershkovich estava “de boa saúde e bom humor, considerando as circunstâncias” após sua prisão na Rússia no final do mês passado.
Em declarações a repórteres no Japão, Blinken acrescentou que os Estados Unidos continuam a “pedir sua libertação imediata desta detenção injusta”.
Duas semanas atrás, seus pais, Ella Milman e Mikhail Gershkovich, que fugiram da União Soviética em 1979 e moram na cidade de Filadélfia, no leste dos Estados Unidos, receberam dele um bilhete de duas páginas escrito à mão em russo, o idioma que a família fala em casa.
“Quero dizer que não estou perdendo as esperanças, eu leio, eu me exercito e estou tentando escrever", lê-se no bilhete.
Ele também provocou a mãe sobre sua comida.
“Mãe, você infelizmente, para o bem ou para o mal, me preparou bem para a comida da cadeia”, disse, acrescentando que “no café da manhã eles nos dão creme de trigo quente, papa de aveia ou de trigo e me lembro da minha infância.”
Os pais disseram em entrevista ao WST que continuam optimistas quanto à libertação do filho.
“É uma das qualidades americanas que absorvemos, você sabe, ser optimista, acreditar num final feliz”, disse Milman, quem acrescentou "eu não sou estúpido, eu entendo o que está envolvido.
Milman destacou que o filho dela "sentiu que era seu dever informar" na Rússia, mesmo depois de a maioria dos jornalistas ocidentais terem deixado o país, após o Presidente Vladimir Putin ter ordenado a invasão da Ucrânia no ano passado.
“Ele ama o povo russo”, disse ela sobre o filho.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, chamou a detenção do jornalista de “totalmente ilegal” e disse à família que está a trabalhar para a libertação de Gershkovich.
C/Reuters e AFP