O advogado David Mendes, que defende alguns dos 17 activistas que estão a ser julgados no Tribunal Provincial de Luanda, foi multado em 15 mil kwanzas por não ter comparecido como declarante e teve a informação de que será obrigado a depor por coacção pelas autoridades judiciais.
Mendes disse que não irá como declarante, nem por coacção, no dia em que vários citados no suposto Governo de Salvação Nacional disseram não ter qualquer conhecimento do caso a não ser pelas redes sociais.
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“Não sei nada sobre o dito Governo de Salvação”, foi a frase repetida pelos seis declarantes que se apresentaram hoje no tribunal.
Entre eles, foram ouvidos Aníbal Rocha e José Maria, dois antigos governadores de Luanda, e o professor e dirigente do Bloco Democrático Nélson Pestana Bonavena.
José Maria disse à imprensa que não pode fazer parte de um suposto Governo porque os jovens que estão a ser julgados combatem o seu próprio partido.
“Procuramos ajudar a esclarecer o assunto de acordo com as perguntas do senhor juiz, mas estou triste por vir a atender a uma coisa sem saber a sua origem” lamentou.
Por seu lado, o professor universitário e dirigente político do Bloco Democrático, Nélson Pestana Bonavena, considerou que se está a perder muito tempo e a gastar dinheiro dos cofres do Estado com o processo.
“É claramente manobra dilatória”, reitera Bonavena, que reafirma a sua solidariedade com “todos que lutam contra a ditadura”.
Para ele, o processo está a serviço de um individuo e não a bem da bem da justiça”.
Entretanto, o tribunal começou a actuar sobre os que não comparecem à notificação.
Um dos advogados do processo, David Mendes, recebeu uma multa de 15 mil kwanzas e foi informado que será levado coercivamente pela polícia na condição de declarante.
Mendes reitera que não vai depor como declarante nem mesmo com a coação das autoridades.
“Eu não vou pagar a multa, tão pouco vou comparecer como declarante, a não ser que me convertam em réu”, garantiu.
De recordar que vários membros do alegado Governo de Salvação Nacional disseram que não vão comparecer ao tribunal.
Entretanto, o jurista Pedro Capracata disse recentemente à VOA que os declarantes notificados devem comparecer e que caso não o façam eles podem ser detidos para depor sob custódia.
A próxima sessão está marcada para dia 7 de Março.