Tribunal julga ativistas que pediram demissão do governador de Malanje

Paulo Carvalho Mário e António Caquienze "Duck"

O Tribunal Provincial de Malanje, em Angola, realiza nesta terça-feira, 17, o julgamento sumário de cinco ativistas cívicos que no sábado, 14, foram detidos pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), quando pediam, num pequeno protesto, a destituição do governador Norberto Fernandes dos Santos.

António Caquienze "Duck", António Canivete, Sousa Joaquim Fuxe, Guilherme Joaquim Fuxe e Paulo Carvalho Mário empunhavam dísticos em que se podia ler, por exemplo, "Agir para livrar Malanje das mãos do Kwata Kanawa" e "Povo que não luta pelos seus direitos, é o próprio instrumento do seu sofrimento".

Ativistas protestam contra governador de Malanje

Uma cruz no rosto do Presidente João Lourenço numa flâmula do MPLA constava entre os apetrechos usados na “marcha pacífica”, segundo o ativista, António Caquienze "Duck", que se deslocou de Luanda.

"Será uma atividade pacifica conforme temos realizado, visto que a província de Malanje está péssima, nós os jovens da província de Malanje resolvemos fazer esta operação `Kanawa Fora`", afirmou “Duck”, antes do protesto.

Por seu lado, Paulo Carvalho Mário reiterou que Malanje carece de um novo timoneiro para dar um novo alento ao desenvolvimento e garantir o bem-estar de todos.

"Malanje tem falta de escolas, muitas crianças estão fora do sistema de ensino, a educação não é boa, a saúde não é aquela (...), você vai nos hospitais apenas passam um papel [receita] e nem tem medicamentos para tal", protestou.

Junqueira António

O diretor de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação Provincial do Ministério do Interior de Malanje, intendente Junqueira António, confirmou a detenção dos cidadãos que justificou com o fato de os mesmos terem lesado o bom nome e a reputação de individualidades.

"Eram apenas cinco cidadãos que infelizmente não obedeceram os parâmetros da lei e que não deveriam ter atentado contra a honra e o bom nome de terceiros", justificou António, para quem os ativistas incorreram “no crime de assoada e de desobediência".

Aguarda-se a decisão do tribunal a qualquer momento.