Tribunal de Nova Iorque condena Manuel Chang a oito anos e meio de prisão

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Manuel Chang, antigo ministro das Financas de Moçambique

O antigo ministro das Finanças de Moçambique foi condenado nesta sexta-feira, 17, por um tribunal federal de Nova Iorque a mais dois anos e meio de prisão pelo seu papel no escândalo das “dúvidas ocultas” que desencadeou uma crise financeira e política no país.

A pena, que se junta aos seis anos que ele já leva preso, foi aplicada por aceitar subornos no processo que lesou o Estado moçambicano em cerca de dois mil milhões de dólares.

A justiça americana pediu às autoridade sul-africanas a prisão de Manuel Chang quando estava em trânsito de Maputo para Dubai por ter lesado empresários americanos em cerca de 200 milhões de dólares.

Ele foi detido a 29 de dezembro de 2018.

Ao se dirigir ao juíz antes da leitura da sentença, Chang, através de um intérprete, disse “estar envergonhado” com as suas ações.

“Lamento profundamente os danos que causei, sinto muito", afirmou.

O antigo ministro também implorou ao juiz que tivesse “compaixão” e que tivesse em conta na sua sentença os quase seis anos que já cumpriu na prisão, dos quais quatro anos e meio, segundo ele, em condições deploráveis na África do Sul.

“Não gostaria de morrer aqui, numa prisão de um país estrangeiro, longe da minha família”, conclui Chang.

Ao ler a sentença, o juiz Nicholas Garaufis disse que considerou os seis anos que ele está preso e que dentro de dois anos e meio será libertado e deportado para Moçambique.

”As vítimas confiaram no Sr. Chang para gerir os seus investimentos e o desenvolvimento do seu país de uma forma livre de corrupção", disse Garaufis na sentença de Chang no tribunal federal de Brooklyn.

Os procuradores acusaram Manuel Chang em subornos da empresa de construção naval Privinvest em troca da sua aprovação de uma garantia do Governo de Moçambique para empréstimos de bancos, incluindo o Credit Suisse, a três empresas apoiadas pelo Estado.

O advogado de defesa de Chang disse que planeia recorrer da sentença.

Adam Ford acreditava que ele poderia ser libertado porque “ele já foi suficientemente castigado”.