Em Cabo Verde, um arquipélago, os transportes continuam em crise, sobretudo na época de Verão.
Nas ligações para o exterior as possibilidades são muito limitadas, com a companhia de bandeira a ter muitas dificuldades com apenas dois aviões e muitos problemas técnicos.
A nível nacional, a única operadora, de capital angolano, tem enfrentado muitas avarias, aumentando assim o coro de críticas, embora os números oficiais indiquem um aumento do número de passageiros.
Analistas económicos consideram que o Governo deve reforçar mecanismos que permitam encontrar soluções mais duradouras.
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Num território descontinuado por ilhas, os transportes marítimos e aéreos são cruciais para permitir com regularidade e previsibilidade a circulação das pessoas e bens, por isso o presidente da Câmara do Comércio de Sotavento defende maior aposta nos transportes aéreos domésticos em detrimento da internacional.
Com vertente interna regularizada, Marco Rodrigues considera que haveria maior circulação dos cidadãos, dos empresários e turistas, o que abriria caminho para mais companhias estrangeiras se interessarem a voar para o arquipélago.
“Defendo que o Estado deve intervir numa primeira fase na liderança dos transportes internos com aparelhos suficientes para fazer ligações inter ilhas… posso garantir que haverá mais operadores internacionais a fazer Cabo Verde… porque se uma pessoa chegar à Praia hoje a manhã ao Fogo, São Vicente, naturalmente que haverá maior demanda”, sustenta Rodrigues.
Por sua vez, Fernando Gil Évora, que já foi gestor no sctor público como no privado nos transportes aéreos, entende que cabe ao Executivo exercer uma ação mais acutilante no sentido de garantir o cumprimento do serviço público.
Na opinião daquele especialista, a aeronáutica civil deve igualmente ser mais exigente no capítulo da fiscalização.
Gil Évora afirma que o arquipélago perdeu boa oportunidade de expandir as operações da transportadora área nacional TACV, que já tinha iniciado ligações para algumas capitais da CEDEAO nos finais dos anos de 1990, "porque houve gente com fraca visão que pretendia lucros de imediato e acabou-se por suspender tais ligações", hoje bem exploradas por uma companhia com base em Lomé.
“A empresa nacional acabou por abdicar e vemos outra companhia que praticamente preencheu o espaço, a Asky teve a paciência e o tempo para esperar e está agora praticamente a dominar a rota sub-regional do continente”, aponta Évora.
Neste momento a CV Airlines, a transportadora área nacional, opera apenas com dois aviões alugados na rota internacional e continua no processo de estruturação a absorver avultados fundos públicos, com vários avales concedidos pelo Estado nos últimos tempos .
O Governo justifica os investimentos visando preparar a empresa para a nova privatização.
A Voz da América tentou uma reação do ministro dos Transportes, mas as tentativas não surtiram efeito.