A companhia Trafigura pagou ao general angolano Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” 390 milhões de dólares por acções de uma companhia de fornecimento de combustíveis.
Your browser doesn’t support HTML5
A transacção ocorreu em Junho do ano passado, mas só agora foi revelada e fez parte de uma tentativa da Trafigura para restruturar os seus negócios em Angola e atrair mais credores à companhia Puma Energy reduzindo a participação do general Dino, escreve o jornal Financial Times.
A companhia Cochan Holdings, detida em parte pelo general Dino, ajudou a Trafigura a dominar durante vários anos o fornecimento de produtos petrolíferos em Angola gerando enormes lucros que, segundo o Financial Times, ajudaram a transformar a Trafigura num gigante no mercado mundial de matérias primas.
A Trafigura quase o monopólio no fornecimento de produtos petrolíferos em Angola através do Grupo DT, uma joint venture da Trafigura e da Cochan.
Os produtos eram distribuídos a empresas e consumidores através da rede de distribuição Puma a estações de gasolina, aeroportos e terminais marítimos.
A Trafigura investiu na Puma, enquanto a companhia do general Dino, Cochan, apostou em várias operações da Puma em África, acrescenta o Financial Times.
O general Dino integrou Comissão de Direcção Global da Puma entre 2013 e 2020
Após a subida ao poder do Presidente João Lourenço, as acusações contra o general Dino de envolvimento em corrupção em negócios com companhias chinesas levaram a Trafigura a querer reduzir a participação do general, algo que foi anunciado em Março do ano passado, mas cujos pormenores nunca foram revelados.
Entretanto, a Sonangol colocou em concurso público os contratos de fornecimento de combustíveis que foram ganhos pela Total e pela Glencore.
O Financial Times diz agora que o relatório anual da companhia Puma revela que a Trafigura pagou à Cochan, do general Dino, 390 milhões de dólares em Junho do ano passado por cerca de 12 milhões de acções a um valor aproximado de 33 dólares cada.
Isso significa que a Cochan, que controlava 5,04% da companhia, “deixou de ser um accionista significativo”, disse a Puma.
O Financial Times escreve, por outro lado, que numa transacção envolvendo a compra de acções à Sonangol a Puma pagou 20 dólares por acção
O jornal citou um porta-voz da Puma como tendo dito que a companhia “está confortável” com o pagamento de 33 dólares por cada acção da Cochan, do general Dino, e explicou que a diferença de preços se deve à valorização da companhia no ano passado, ainda “antes da pandemia”.