O tráfico humano é um fenómeno denunciado e com consequências graves em todo o mundo, nomeadamente em Moçambique.
Organizações nacionais e internacionais, bem como activistas, têm lamentado, no entanto, o deficiente combate dado pelas autoridades, em particular a falta de julgamento e condenação dos acusados de tráfico humano.
Entretanto, há casos de sucesso, embora poucos em que um suspeito é acusado, julgado, condenado e as vítimas recebem apoio social visível para a sua reintegração.
Aconteceu com duas raparigas moçambicanas que haviam sido traficadas e uma delas exploradas sexualmente por um tio-avô, em Matsulu, província sul-africana de Mpumalanga.
As raparigas, entretanto,estão a viver outro grande drama: elas e os pais estão infectados com o vírus HIV-SIDA e as meninas mostram sinais claros de estarem ainda muito traumatizadas.
Mahungane, que foi acusado de ter traficado para fins de exploração sexual, uma sobrinha-neta, que, na altura dos factos, tinha 15 anos, estava grávida, residia com os pais num dos distritos da província meridional moçambicana de Inhambane, tendo sido aliciada pelo tio-avô a viajar para território sul-africano, com a promessa de uma vida melhor.
Depois da descoberta deste caso, Zaqueu Mahungane foi detido em Mpumalanga, trazido para Maputo, e, em 2013, julgado e condenado pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo a uma pena de 19 anos de cadeia.
A principal vítima de Mahungane, que na África do Sul estava a ser explorada com a sua irmã mais nova, na altura com 10 anos, foi, depois do julgamento, reintegrada no seio familiar.
Uma reintegração de certa forma feliz, com as meninas a ganharam uma nova casa construída pelo Instituto Nacional de Acção Social (INAS) Delegação de Vilanculos, que investiu, na obra, mais de 20 mil dólares americanos.
Para além da construção, como disse a delegada do INAS em Vilanculos, Maria Armando, a organização disponibiliza mensalmente uma cesta básica.
A menina mais nova, que agora tem 18 anos, está na quarta classe, e a mais velha, agora com 20 anos, está na sétima classe.
Mas, não obstante ficar a escassos metros da residência, elas nem sempre vão à escola, como disse
Raul Chongole, professor das meninas.
A justificação, para a vítima de tráfico mais nova, acrescenta o professor Raul Chongole, é que ela é doente, tem problemas de vista e é epiléptica.
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