Após cinco dias de paralisação, trabalhadores da Rádio Morena Comercial (RMC), na província angolana de Benguela, regressaram ao trabalho nesta semana, sem garantias de que os sete meses de salários e subsídios venham a ser pagos, nem de melhores condições laborais.
As incertezas, passíveis de nova greve já daqui a quatro dias, coincidem com uma surpreendente declaração do MPLA, cuja empresa gestora da rádio é gerida por altos dirignetes do partido no poder, segundo a qual não está a par dos acontecimentos.
Your browser doesn’t support HTML5
A RMC é gerida pela Sopol, parte do grupo empresarial Gefi, integrado por altos dirigentes do MPLA e considerado um “braço económico” do partido.
O secretário para a Informação e Propaganda do Bureau Político, Rui Falcão Pinto de Andrade, que até tinha recebido membros da Comissão Sindical da empresa, ainda nas vestes de primeiro secretário do MPLA e governador de Benguela, diz agora estar alheio a esta situação.
“Não, não. Não estou a acompanhar este processo (salários em atraso), aquilo é uma empresa ...”, refere Falcão.
O líder da Comissão Sindical da RMC, Dinho Carlos, integrante da equipa que expôs os contornos da crise a Rui Falcão, explica que só o cumprimento de pontos do caderno reivindicativo pode evitar nova greve.
“Ainda não temos nenhuma garantia, nem nós, nem os colegas suspensos. Vamos trabalhar mais quatro dias, isto para chegarmos aos 10 dias úteis e, se não houver salário e outras reivindicações ... não há outra saída, nova greve”, avisa o sindicalista.
A Sopol, parte do grupo empresarial Gefi, holding ligado ao partido no poder, tem seguido o processo negocial, ao passo que a direcção da RMC continua a alegar falta de condições para o pagamento dos salários.
É dentro de um contexto que deixa várias empresas de comunicação na rota do desaparecimento, em Luanda e outras províncias, que a Assembleia Nacional começou, nesta quinta-feira, 22, a analisar o funcionamento dos órgãos de comunicação social em Angola.