Os trabalhadores angolanos na Biocom (Companhia de Bioenergia de Angola Limitada) em funcionamento no município de Cacuso, em Malanje, queixam-se da política de trabalho vigente que valoriza exclusivamente os colegas expatriados.
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A discrepância entre os salários pagos a um funcionário nacional e outro estrangeiro é um dos pontos de discórdia, como afirma à VOA o ex-operador de máquina de nível médio Edmar Félix Francisco.
“Eles não cumprem com o que dizem e não respeitam a mão-de-obra angolana, só valorizam os estrangeiros”, diz Francisco, justificando que “uma das motivações que me fez sair de lá é o salário, por exemplo, como técnico médio de máquinas e motores ganhava 30 mil kwanzas, as pessoas que não faziam nada como os brasileiros estavam acima de dois milhões/três milhões de kwanzas”.
Por outro lado, na Biocom existem empregados que continuam a receber salários na ordem dos 26 mil kwanzas.
As horas de trabalho são comparadas ao trabalho escravo, facto que, no entanto, é refutado pela gestão da empresa numa nota publicada na semana passada.
Edmar Félix Francisco recorda que “os expatriados (brasileiros) beneficiam de hotéis, têm carros e outras regalias”.
A alimentação servida no refeitório também é questionada e o serviço do posto médico limita-se a algumas análises clínicas, enquanto o trabalhador nacional tem de custear as despesas com os medicamentos.
O presidente da União dos Sindicatos de Malanje, António José, reconhece haver alguma arbitrariedade por parte da entidade empregadora, mas considera que ter sido ultrapassado o problema racial registado no passado.
“Vivemos antes um problema racial que foi muito forte e que procurou-se redimir, tivemos uma intervenção do governador no sentido de fazer jus a esta situação que era alarmante”, referiu José que critica e facto de “muitos expatriados, neste caso a trabalhar na Biocom pensam que os angolanos não têm cérebro, não! Os angolanos têm cérebro, pensam tal como muitos pensam, o facto de estarem afrente desta ou aquela área de trabalho não pressupõe dizer que os angolanos não tenham capacidade de gerir”.
O sindicalista António José lembrou que “Angola é um país independente, independente com os esforços e luta titânica dos filhos de Angola”.
Ele reitera que os salários dos funcionários angolanos são muito baixos, numa das principais industriais transformadoras do país.
Dos 2.100 empregados, 1.940 são angolanos.