O principal problema de Moçambique e Tanzânia no combate à rebelião armada na província moçambicana de Cabo Delgado é como controlar a extensa fronteira entre os dois países, disseram analistas moçambicanos.
A fronteira vai do Oceano Índico até ao lago Niassa numa extensão de várias centenas de quilómetros por zonas de fraca densidade populacional, floresta e pouco ou nenhum controlo por parte das autoridades dos dois países.
Veja Também Filipe Nyusi anima forças em Palma que diz ser uma das vilas mais protegidas de MoçambiqueO analista Borges Nhamirre considera que o controlo da vasta fronteira comum, sobretudo nesta altura em que os jihadistas estão a ser fortemente combatidos no norte de Moçambique, constitui um dos principais desafios na luta contra o terrorismo.
Your browser doesn’t support HTML5
A analista Egna Sidumo afirma também que a porosidade das fronteiras moçambicanas pode facilitar a circulação de terroristas e o narcotráfico.
Eles falavam após os Presidentes de Moçambique e da Tanzania, Filipe Nyusi e Amia Siluhu Hassan, respectivamente, se terem reunido esta sexta-feira, em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, para discutir formas de reforçar a capacidade de combater o terrorismo na fronteira comum.
Your browser doesn’t support HTML5
Os dois foram acompanhados de diversos dirigentes das forças militares dos dois países.
A Tanzania é um dos países que apoia a força de intervenção da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, enviada para a zona para ajudar a derrotar os insurgentes. O Ruanda, que não faz parte da SADC, também tem forças no local.
Sabe-se que rebeldes têm entrado também em território tanzaniano e isso foi confirmado pelo presidente Nyusi.
“Os terroristas atravessam a fronteira comum entre Moçambique e a Tanzânia", disse Nyusi que afirmou ainda que Moçambique e Tanzania estão “interessados numa abordagem mais dedicada ao problema".
"Vimos que o inimigo está a melhorar as suas técnicas. Queremos estudar como as nossas forças podem lidar com o inimigo, com o terrorismo. Em breve melhoraremos as nossas forças de combate", acrescentou.
No final do encontro, o estadista moçambicano, manifestamente satisfeito, afirmou que as conversações foram bastante produtivas, sem, no entanto, avançar pormenores.
“Nas nossas conversações, analisámos a forma como a nossa cooperação está a evoluir, porque somos dois países e temos um problema comum", disse Filipe Nyusi em observações transmitidas na rádio nacional.
Refira-se que esta foi a primeira deslocação a Moçambique, de Siluhu Hassan, na qualidade de Presidente da Tanzânia.
Ela assumiu a presidência da Tanzânia após a morte de John Magufuli, sendo a primeira mulher a liderar aquele país da África Austral.