Tensão militar em Moçambique, factor de risco para a economia e investimentos

Afonso Dhlakama, na Gorongosa

Economistas e analistas nacionais consideram a tensão militar vivida em Moçambique, um sério factor de risco para a economia e investimentos.

Com Afonso Dhlakame ainda em parte incerta, aliado à incerteza do que estará a pensar, dos planos do governo para com ele e a incógnita dos próximos dias, os economistas nacionais não tem dúvida que a economia vai ser largamente afectada.

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A crise e a economia


Rogério Ossemane é pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos e fala de impactos a vista nos investimentos em curso e na forma como o país será visto doravante.

“O primeiro impacto, o mais imediato que pode acontecer, é quem ainda não veio, pensar duas vezes antes de vir. Pode ter um impacto no sentido de que aqueles que queriam vir não virem. Esta é uma reacção lógica, a pessoa dizer eu não vou investir agora, vou esperar um pouco” defende Ossumane.

Para os investimentos em curso, Ossemane diz que, considerando os valores que empresa como a brasileira Vale e a anglo-australiana Rio Tinto já fizeram, não poderão voltar atrás, contudo, os seus custos operacionais vão subir, como resultado da tensão militar em curso.

“Se formos a olhar para o sector extractivo, o investimento já realizado é tão grande que já não dá para sair. O que se vai fazer é garantir que continuem a explorar os recursos, mas para fazer isso, vão fazer com um investimento muito mais elevado”.

Um estudo produzido para o banco alemão Deutche Bank já coloca Moçambique como um país de investimento de risco. Os argumentos apontam para as tensões militar e o custo de vida, que representam factores de instabilidade social.

Apesar de tudo, poucos acreditam na eclosão de uma guerra civil, contudo, Adriano Nuvunga, do Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental, alerta para o risco de menosprezar o poderio dos militares sob comando de Afonso Dhlakama.

Enquanto se discutem os impactos da actual tensão, também se questiona onde estará o líder da Renamo, o que está a pensar e o que é que o governo estará, por sua vez, a preparar para ele.