Welwitcha dos Santos (Tchizé), deputada e filha do antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, defende um presidente do MPLA que não seja o Chefe de Estado.
No momento em que o país debate o que se denomina de bicefalia, a deputada diz que a democracia sai reforçada com a situação actual em que o líder do partido no poder não é Presidente da República.
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Em entrevista à VOA, Tchizé sublinha que esta realidade garante a verdadeira separação de poderes em Angola.
Tempo de mudanças
A deputada considera que o país já viveu péssimas experiências em que o Presidente da República era igualmente líder do partido.
Tchizé, no entanto, não alinha na conversa da bicefalia que, para ela, não existe.
“Esta questão da bicefalia é interessante, em Portugal, por exemplo o Presidente da Republica é apartidário, em Angola o comandante-em-chefe é apartidário por força da Constituição. Eu creio que oito anos após a Constituição da República que permite que o Presidente da República seja diferente do líder do partido, o país está preparado para que tenhamos um presidente do partido que não seja o Presidente da República”, sustentou Tchizé.
A deputada afirmou ainda que “não precisamos ter vergonha do nosso passado” e lembrou que com a entrada de vários canais de comunicação internacionais os jovens "querem ver mudanças".
Evitar perseguições
A filha do antigo Chefe de Estado garante que um líder do partido diferente poderá levar com que o actual Presidente não persiga ninguém.
“Se por exemplo o Presidente da República quiser perseguir um indivíduo, já terá onde recorrer”, exemplificou.
Entretanto, a deputada assegura que João Lourenço "é o Presidente de todos os angolanos".
Welwitschia dos Santos reitera que, apesar de tudo, José Eduardo dos Santos, não perseguiu cidadãos que o criticavam e apontou como exemplos os casos de Lopo do Nascimento, Irene Neto e Ambrósio Lukoki.
"Sempre preservou a dignidade dos seus adversários políticos", sublinhou a filha de Santos.
"Homem simples e humilde"
Questionada sobre este posicionamento apenas agora após a saída de José Eduardo dos Santos da Presidência da Republica, Tchizé dos Santos recorre à história para lembrar que em 2012, Santos não queria candidatar-se, mas foi forçado a concorrer, pelos membros do MPLA.
Em relação à presença de José Eduardo dos Santos na reunião do Conselho da República realizada nesta quinta-feira, 22, Welwitcha dos Santos disse ser normal e caracterizou o antigo Presidente da República como um grande homem e muito humilde.
“É normal porque o camarada José Eduardo dos Santos é simples e humilde. Dos Santos acaba dando aula aos políticos angolanos, membros da sociedade civil e o país todo” , concluiu Tchizé dos Santos.