Taxistas na Huíla "desesperam-se" sem subsídios para compensar aumento do combustível

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Manifestação contra aumento do preço da gasolina e da cesta básica no Lubango, Angola

Entre as associações há quem diga que nenhum dos associados recebeu até ao momento o cartão e já levantam dúvidas sobre o processo e sua eficácia.

Pouco mais de um mês depois do aumento do preço do combustível em Angola, associações de taxistas na província da Huíla criticam a demora na distribuição dos cartões de subvenção à gasolina, depois das promessas do governador local, Nuno Mahapi, de que o processo seria célere na sequência de um encontro no início de Junho passado que viria a pôr fim à crise nos transportes na região.

Entre as associações há quem diga que nenhum dos associados recebeu até ao momento o cartão e já levantam dúvidas sobre o processo e sua eficácia.

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O coordenador provincial da Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola, (Amotrang), Alberto Daniel, denuncia mesmo os critérios de distribuição dos cartões.

“Muitos dos nossos associados filiados da Amotrang não têm cartões, os cartões estão a parar em pessoas que nem sequer estão filiadas a determinada organização. A nossa pergunta é o que se está a passar de concreto? Precisamos que isso termine já porque há muita gente a lamentar outras pessoas até estão a lamentar há pessoas a pensar que o processo não é sério ou é para uns e outros não”, disse Daniel.

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Também preocupado com o decorrer do processo e com muitas dúvidas está o presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) na Huíla.

Benedito Nonato diz que a insatisfação entre os associados é grande e a possibilidade de uma nova paralisação é real face ao arrastar da situação.

“Há aqui uma onda de insatisfação que podemos voltar a paralisar o táxi. Haja transparência neste quesito dos cartões porque isto vai nos dar ainda mais trabalho e mais problemas. O taxista é aquele que já está agastado e quer ver os seus direitos restituídos”, afirma Nonato.

A retoma da actividade de táxi no Lubango deu-se com a subida do preço da corrida de 150 para 200 kwanzas e duvida-se que volte a descer face ao aumento do custo de vida, dizem as associações de taxistas.

A directora dos Transportes, Tráfego e Mobilidade Urbana da Huíla, Gracinda Gonçalves, sem responder a algumas dúvidas levantadas pelas associações, garantiu que tudo está a ser feito para fazer chegar os cartões de subvenção da gasolina aos taxistas num processo que reconheceu estar a ser lento.

Aquela responsável diz que até ao momento recebeu mais de quatro mil cartões, mas alertou que "nós remetemos um número de 1.360 e dos moto-taxis remetemos mais de 20 mil, um número bastante reduzido, mas estamos à espera”.

A decisão do Governo em retirar o subsídio ao combustível levou ao aumento do preço de combustível de 160 para 300 dólares e a protestos em várias cidades de Angola, apesar da decisão do Executivo em distribuir cartões com fundos para os mototaxistas, que, no entanto, ainda não chegou a todos.