Os misteriosos sintomas da chamada Síndrome de Havana, sentidos por diplomatas norte-americanos nos últimos anos, estão ligados a uma unidade dos serviços secretos russos, de acordo com uma investigação conjunta dos meios de comunicação social divulgada esta segunda-feira.
O Departamento de Estado manteve a sua avaliação de que nenhum ator estrangeiro foi responsável. A inteligência dos EUA concluiu que os sintomas eram mais provavelmente o resultado de condições pré-existentes, doenças convencionais e fatores ambientais.
O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, questionado sobre o novo relatório, disse que não houve mudança nessa avaliação.
Os Estados Unidos enviaram peritos médicos e científicos para estudar os alegados ataques, e as pessoas afectadas foram extensivamente examinadas para tentar compreender as suas aflições.
Um estudo realizado no mês passado pelos Instituto Nacional de Saúde disse que não encontrou nenhuma evidência tangível de lesões cerebrais em pessoas com Síndrome de Havana, mesmo que elas relatassem sintomas reais, como enxaquecas, tonturas crônicas e depressão. Num sinal de atenuação das preocupações e também de prioridades políticas, a administração Biden reabriu no ano passado o escritório de imigração dos EUA em Havana, que tinha sido encerrado durante o susto.
A Síndrome de Havana foi relatada pela primeira vez em 2016, quando diplomatas norte-americanos na capital de Cuba relataram ter adoecido e ouvido sons penetrantes durante a noite, provocando especulações sobre um ataque de uma entidade estrangeira usando uma arma sonar não especificada.
Outros sintomas, incluindo narizes sangrentos, dores de cabeça e problemas de visão, foram posteriormente relatados por funcionários de embaixadas na China, na Europa e na capital dos EUA, Washington.
Os diplomatas podem ter sido atingidos por armas sónicas russas, de acordo com a reportagem conjunta de The Insider, Der Spiegel e 60 Minutes da CBS.
A investigação, que durou um ano, "revelou provas que sugerem que incidentes de saúde anómalos inexplicáveis, também conhecidos como Síndrome de Havana, podem ter origem na utilização de armas de energia dirigida empunhadas por membros da Unidade 29155 (GRU russa)", refere o relatório.
A unidade 29155 da Rússia é responsável por operações no estrangeiro e tem sido responsabilizada por vários incidentes internacionais, incluindo a tentativa de envenenamento do desertor Sergei Skripal na Grã-Bretanha em 2018.
Moscovo rejeitou as alegações como "infundadas" na segunda-feira.
A investigação conjunta sugere que os primeiros casos da Síndrome de Havana podem ter ocorrido na Alemanha dois anos antes dos casos registados em Havana em 2016 que deram o nome à síndrome.
Em julho de 2021, a revista The New Yorker noticiou que cerca de duas dúzias de agentes dos serviços secretos norte-americanos, diplomatas e outros funcionários do governo na Áustria tinham relatado problemas semelhantes ao Síndroma de Havana desde que o Presidente Joe Biden tomou posse no mesmo ano.
Os Estados Unidos destacaram peritos médicos e científicos para estudar os alegados ataques e as pessoas afetadas foram amplamente examinadas para tentar compreender as suas aflições