Os são-tomenses celebram nesta terça-feira, 12, mais um aniversário da independência nacional num ambiente que muitos consideram de frustração e pessimismo.
A maioria da população tem o sentimento que a situação social e económica do país piorou nos últimos 47 anos de independência.
"Corrupção, degradação, frustração, miséria", constituem um quadro que sai sai da boca de muitos são-tomenses quando a pergunta se relaciona como a Independência e o progresso do país.
“O país está totalmente degradado. Vejo que tudo vai de mal à pior”, disse um cidadão recordando a euforia e a expectativa do povo no dia 12 de Julho de 1975, na Praça da Independência ao assistir pela primeira vez o hastear da bandeira nacional.
Agora, 47 anos, depois a frustração é o sentimento que domina grande parte da população do arquipélago, que já foi o maior produtor mundial de cacau no início do século XX.
“Jovens como eu precisam de oportunidade. Alguém para nos dê uma mão. Mas o que sentimos é que quando esticamos a mão para pedir ajuda dos dirigentes eles nos cortam a mão. Isto deixa-me frustrado”, lamenta Eliseu Barros, um empreendedor na área do turismo.
Muitos já não acreditam nos governantes e na classe política.
“Estamos a comemorar 47 anos de miséria. Não valeu tomar o país na mão do branco. O país passou a viver de partidarismo. Se você não pertence ao partido que está no poder, pode ser bom profissional, não lhe dão nenhuma oportunidade”, disse outra cidadã lamentando a falta de união no país.
O desespero aumenta a cada ano que se comemora mais um aniversário da Independência Nacional.
“Para mim já não se deveria festejar o 12 de Julho. Isto de vir aqui para a Praça da Independência para essas cerimónias já não faz sentido. Se olhamos para trás e para frente só dá vontade de chorar”, desabafou Felizardo Afonso, comerciante do mercado de Côco-côco.
As autoridades oficiais têm um programa de actividades para celebrar a data em que a então colónia São Tomé e Príncipe assumiu a independência.
Depois de 15 anos de um regime de partido, dirigido pelo Movimento para a Libertação de São Tomé (MLSTP), o país aderiu ao sistema multipartidário, instituido em 1991.