As Forças de Segurança sudanesas dispersaram, neste domingo (7), com gás lacrimogéneo um grupo de professores, no início de uma chamada de desobediência civil de dois dias contra o golpe militar no mês passado.
Dezenas de professores carregando faixas com os dizeres "não, não ao regime militar" e pedindo uma transição para o "regime civil pleno" fizeram um comício no exterior do Ministério da Educação, na capital Cartum.
Protestos anti-golpe em todo o país - incluindo um com dezenas de milhares a 30 de outubro - ocorreram desde o golpe de 25 de Outubro, mas foram enfrentados por uma forte repressão. Pelo menos 14 manifestantes foram mortos e cerca de 300 feridos, de acordo com o independente Comité Central dos Médicos do Sudão.
Veja Também Enviado da ONU avista-se com derrubado primeiro-ministro do Sudão"Organizamos uma posição silenciosa contra as decisões de Burhan fora do Ministério da Educação", disse Mohamed al-Amin, um professor de geografia que participou da manifestação contra o general mais graduado do país, Abdel Fattah al-Burhan.
"A polícia veio mais tarde e atirou gás lacrimogéneo contra nós, embora estivéssemos simplesmente parados nas ruas carregando faixas", disse ele.
Não houve relatos imediatos de vítimas, mas um sindicato disse que "um grande número de professores foi detido".
A manifestação dos professores aconteceu após a liderança militar, que executou o golpe, ter substituido chefes de departamento no Ministério da Educação, como parte de mudanças radicais que fez em vários sectores.
"O protesto rejeita o retorno dos remanescentes do antigo regime" do presidente deposto Omar al-Bashir, disse o sindicato dos professores num post no Facebook.
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A manifestação de domingo seguiu apelos à desobediência civil feitos pela Associação Profissional do Sudão (SPA), sindicatos que foram fundamentais nos protestos de 2018-2019, que depuseram o autocrata de longa data Bashir, em abril de 2019.
"O povo sudanês rejeitou o golpe militar", disse o SPA no Twitter, prometendo "nenhuma negociação, nenhuma parceria, nenhuma legitimidade".
"Começaremos por barricar as principais ruas para nos preparar para a desobediência civil em massa no domingo e na segunda-feira", disse o grupo, pedindo aos manifestantes que evitem o confronto com as forças de segurança.