A perda do poder de compra em São Tomé e Príncipe marca o primeiro ano de governação da Ação Democrática Independente (ADI), que se assinala na terça-feira, 14, segundo cidadãos e analistas políticas, que, no entanto, também apontam avanços nas negociações com parceiros internacionais para a implementação de projetos estruturantes.
A oposição diz que só houve recuos, mas o primeiro-ministro garante que há sinais de recuperação, apesar das dificuldades.
Mutos cidadãos lamentam o recuo do poder de compra motivado pela introdução do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) e pedem ao Governo medidas para combater o desemprego e a injustiça salarial.
“Não podemos continuar a ter um país em que determinados grupos têm salários acima de 100 mil dobras, enquanto a maioria dos trabalhadores recebe duas mil dobras”, lamenta um funcionário público, enquanto outra cidadã sublinha a fuga massiva de jovens para o estrangeiro em busca de melhores condições de vida e oportunidade de trabalho.
Para o líder do maior partido da oposição, MLSTP-PSD, só tem havido recuos na governação.
“Não há sentido de continuidade de Estado. Há uma ausência de cultura de diálogo e de inclusão. Há um défice de comunicação e naturalmente de transparência. Esta forma de governar tem prejudicado o país”, afirma Jorge Bom Jesus.
Por seu lado, o primeiro-ministro afirma que em 12 meses o país deu sinais de recuperação, mas admite muitas dificuldades na governação.
“Nós estamos a fazer de tudo para melhorar a situação em que recebemos o país há um ano atrás. Temos a noção do tempo, das negociações que temos pela frente, dos acordos que temos que assinar e das reformas que temos que fazer para melhorar a situação”, sustenta Patrice Trovoada.
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O analista político Liberato Moniz aponta como aspeto positivo as negociações para a retoma de projetos estruturantes na área das infraestruturas.
“Isto vai permitir que o país consiga mais postos de trabalho e é o que os são-tomenses estão a precisar”, diz Moniz, que aponta a defesa dos direitos humanos como a principal nota negativa do Governo depois dos acontecimentos de 25 de novembro de 2022 em que 4 pessoas foram torturadas até a morte no quartel das Forças Armadas, na sequência de uma alegada tentativa de golpe de Estado.