STP: Eleição para cargos no Parlamento revela crispação política

Parlamento de São Tomé e Principe

ADI e coligação MCI-PS/PUN chumbaram canddatos do MLSTP/PSD a cargos que este partido tem direito por lei

Em São Tomé e Príncipe continua o impasse na eleição do segundo vice-presidente e do vice-secretário do Parlamento, cargos que por lei devem ser ocupados por deputados do MLSTP-PSD enquanto segundo partido mais votado nas últimas eleições legislativas.

O principal partido da oposição já apresentou dois candidatos para os lugares que tem direito, mas os nomes foram rejeitados pelos grupos parlamentares da ADI e da coligação MCI-PS/PUN que detém a maioria.

Your browser doesn’t support HTML5

STP: Eleição para cargos no Parlamento revela crispação política - 2:50

Analistas vislumbram uma legislatura de crispação política que não ajudará o projecto da revisão constitucional.

O líder parlamentar do MLSTP-PSD, Danilo Santos, avisou que o seu partido já não irá apresentar novos candidatos até ter garantia da eleição dos mesmos e deixou o alerta.

“São Tomé e Príncipe necessita de verdadeiros entendimentos para o bem da sua população, mas muita gente ainda não entendeu isto e pretende por à frente os interesses de grupos”, disse Santos.

A ADI, o partido que venceu as últimas eleiçoes com maioria absoluta, pela voz de Abnildo de Oliveira, argumenta que os candidatos até agora propostos “não colheram a sensibilidade dos deputados do seu partido”.

Para o analista político Óscar Baia trata-se de um ajuste de contas face ao que aconteceu em 2018, quando a ADI venceu as eleições sem maioria absoluta e não conseguiu colocar nos mesmos cargos as pessoas que pretendia.

“O que vai acontecer é que esses lugares não serão preenchidos por pessoas da vontade da direcção do MLSTP-PSD, mas sim da simpatia da ADI, isto não é bom para a liderança e dignidade da mesa da assembleia”, considera Óscar Baía.

Outro analista político, Liberato Moniz, advinha uma legislatura de grande crispação política que poderá comprometer reformas como a revisão constitucional, proposta pelo partido vencedor das eleições.

“Perante o que assistimos agora no dia em que a ADI precisar de maioria qualificada, à partida não a terá. Para quem tem como base um projecto de revisão constitucional que precisará de dois terços dos deputados isto não é um bom ponto de partida”, concluiu Moniz.