O UNICEF e o Conselho Nacional da Juventude (CNJ), organização que integra varias associações juvenis, lançaram, esta semana, em São Tomé, um projeto para melhorar a taxa de adesão à vacinação no arquipélago.
Até o próximo dia 20 de outubro, 50 jovens voluntários estarão a percorrer o país sensibilizando os pais, a levar os filhos vacinar, quando há uma tendência de redução de taxas.
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As crianças menores de cinco anos são as que têm maior défice de cobertura vacinal.
A situação vem se degradando desde o surgimento da pandemia da Covid-19.
De acordo com as autoridades sanitárias a fraca cobertura vacinal é mais acentuada nos três distritos mais populosos de São Tomé.
Por exemplo, em Mé -Zochi os dados oficiais indicam que mais de 65 por cento das crianças não tem cobertura completa do pacote das vacinas inseridas no programa nacional de vacinação.
“Temos tido falta de recursos humanos, mas há também outros fatores económicos e culturais que têm influenciado a vacinação. Há pais que não aceitam de maneira nenhuma que os seus filhos sejam vacinados”, lamenta Zilca Mendes, técnica do centro nacional de vacinação materno infantil.
Risco de retrocesso
Solange Barros, médica do programa nacional de saúde reprodutiva alerta para o impacto da fraca cobertura vacinal no país. “Se não revertermos esta situação as nossas crianças estarão em risco, porque as doenças que já foram erradicadas poderão regressar ao país”, alerta.
Ela recorda que a poliomielite e o sarampo são as doenças que levantam maior preocupação devido ao registo de casos nalguns países vizinhos.
A ministra da Saúde Ângela Costa não se conforma com a possibilidade de São Tomé e Príncipe perder o estatuto de bom exemplo de cobertura vacinal na África subsaariana, e afirma que “não é justificável, porque temos vacinas disponíveis no país e não há razão para as crianças ficarem sem vacinar”.
Entretanto se nada for feito a médica Solange Barros avisa que a situação pode ser pior nos próximos anos porque “além das crianças menores de cinco anos e mulheres em idade fértil, temos agora os novos grupos alvos, após a introdução de novas vacinas, que são os jovens adolescentes, e eles são os que menos procuram os serviços de saúde para serem vacinados”.
Envolvimento de pais
A campanha agora lançada reacende a esperança de um cenário positivo.
Mikail Barros, presidente da Associação dos Pais e Encarregados de Educação dos alunos de um dos maiores estabelecimentos de ensino do país, defende o envolvimento dos professores nesta iniciativa.
“Os professores podem ser um bom veiculo para os pais e os jovens adolescentes aderirem em massa”, defende sublinhando que é necessário reforçar o combate aos mitos de desaconselham a vacinação.
No lançamento da campanha, a representante da UNICEF em São Tomé e Príncipe, Maliana Serrano reiterou que “esta organização estará sempre disponível a apoiar as autoridades do arquipélago no processo de vacinação das crianças e adolescentes”