“Não basta colocar 30 por cento de mulheres nas listas. Elas têm que estar em lugares elegíveis e não atiradas lá para o fundo da lista como um fio de cabelo na sopa”, diz Elsa Garrido, a única mulher líder de um partido político em São Tomé e Príncipe.
A reacção de Garrido surge quando os 11 partidos que concorrem às eleições legislativas em São Tomé e Príncipe, a 25 deste mês, afirmam que nas suas listas para deputados está garantida a presença de 30 por cento de mulheres de acordo com a lei ainda em vigor.
A lei que aumenta para 40 por cento a cota de participação da mulher nos órgãos de decisão já foi aprovada pelo parlamento, e aguarda a promulgação pelo Presidente da República.
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“Já que não foi possível para a Assembleia Nacional, gostaríamos que para a formação do governo, esta lei pudesse ser aplicada”, diz Cristina Dias, Presidente da Rede das Mulheres Parlamentares.
Para a jurista Vera Cravid esta é uma questão de justiça social. “Nós também temos direito de estar presentes nos cargos de decisão deste país” apela a procuradora do ministério público.
No entanto, Carlos Neves líder de um dos partidos da actual coligação do poder em São Tomé e príncipe defende que não basta a fixação de cotas para a participação da mulher na política.
“As próprias mulheres têm que se autopromover pela sua competência e participação na vida política activa. As pessoas têm que ser colocadas pela sua capacidade e participação e não pelo sexo”, opinião de Neves contrariada por Elsa Garrido, que há mais de 10 anos procura um assento no parlamento São-tomense.
“Os homens muitas vezes assumem os cargos só porque gritam muito nas campanhas eleitorais e às mulheres é exigido tanta coisa para estarem na vida política. Não percebo isto”, diz Garrido.
O analista Celsio Junqueira acredita que a entrada de mais mulheres na política vai dar outro rumo a governação em São Tomé e Príncipe.
“Porque as mulheres vão dar mais atenção aos problemas que afectam a classe mais desfavorecida e isto é prioridade em São Tomé e Príncipe”, diz este analista que também acredita que com mais mulheres nos órgãos de decisão vai baixar o índice de corrupção no país.