A empresa de petróleos de Angola, Sonangol, desde ontem, 6, presidida por Isabel dos Santos, filha do Presidente da República, tem um buraco de 50 mil milhões de dólares que deverá ser investigado pelo Ministério das Finanças.
A informação é avançada pela agência de notícias especializada em finanças e economia Bloomberg, que cita o jornal Valor Económico, que, por sua vez, refere a fontes não identificadas junto de consultores internacionais contratados para reestruturar a empresa.
A auditoria revelou "discrepâncias" entre os fundos recebidos e investidos na empresa e indicou que a empresa reteve receitas para o Governo.
As mesmas fontes indicam que alguns dos activos da Sonangol foram sobrevalorizados e os contratos não foram negociados de acordo com os melhores interesses do Estado.
Essa “imparidade técnica” de USD 50 mil milhões terá sido o motivo pelo qual o Presidente José Eduardo dos Santos resolveu nomear a filha, a empresária Isabel dos Santos, para o cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol.
Esta tese é, em parte defendida, por Alex Vines, director do Departamento Africano do conhecido centro de estudos Chatham House, sediado em Londres, que disse à VOA que “o Presidente José Eduardo dos Santos precisa de alguém em quem pudesse confiar e ele confiou na sua filha para fazer isso”.
Aquele analista afirmou que a nomeação de Isabel dos Santos para a chefia da Sonangol destina-se apenas a tentar reformar a indústria petrolífera que “é absolutamente necessária para a sobrevivência do MPLA e da Presidência”.
A Blomberg lembra ainda que por muitos anos a Sonangol tem sido muito criticada por ter uma estrutura “opaca”, num país que ocupa os últimos lugares do Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional.
Na conferência de imprensa na segunda-feira, 6, após a sua posse, Isabel dos Santos disse desconhecer a notícia e não teceu quaisquer comentários sobre o assunto.