A sociedade civil angolana tem estado preocupada com o agravamento do estado de pobreza a que estão votados milhões de angolanos.
Motivados por causas sociais e pelo espírito solidários, jovens têm estado envolvidos em projectos colectivos de ajuda a diversos lares e comunidades na minimização das suas dificuldades.
Um dos exemplos é o Projecto Coração Aberto que há três anos tem-se dedicado à oferta de leite em diversos lares de acolhimento de menores.
Laureana Simão, mentora e Coordenadora do Projecto que há mais de 5 anos está envolvido em acções de fraternidade social, fala desta iniciativa que resultou da necessidade de apoio aos mais desfavorecidos.
“Temos um foco mais voltado principalmente para as crianças por serem as mais vulneráveis e necessitadas. Os adultos conseguem de uma ou de outra forma se virarem, mas as crianças não. Elas são muito frágeis e se não formos nós, os adultos, a olharmos para as crianças de 5, 6, 7 e até 14 anos, quem vai olhar?”, questiona a mentora do Projecto Coração Aberto.
Simão disse à VOA em Luanda que o projecto resultou da sua insatisfação por ver um país rico como Angola sendo habitado por milhões de pobres, tendo em consequência disto uma acentuada desigualdade social.
“Não consigo me conformar com o facto de ver num Talatona (um bairro nobre de Luanda) a ver pessoas a pedir. Não me conformo a ver pessoas a andarem a pé por falta de 200 kwanzas para o táxi. Foi esta inconformação que me motivou a criar o projecto, nosentido de poder ajudar os mais desfavorecidos. Não consigo ajudar a todos, mas com o apoio de pessoas amigas tento fazer os possíveis”, disse a jovem que associa a sua crença na palavra de Deus as benfeitorias que tem promovido.
“Este inconformismo com a desigualdade social é que me fez criar este projecto e associado a isto está a fé e a crença na palavra de Deus. Saber que quando ajudamos os outros ganhamos todos”, rematou.
Desigualdades sociais num país rico com milhões de pobres é uma realidade “dolorosa”, acrescenta o jurista Benja Satula para quem “a vida em Angola encareceu bastante nos últimos anos”.
As políticas do partido no poder ditaram as dificuldades vividas actualmente pela população, apesar de que a sociedade civil vai acalmando a sua fúria com os casos de combate contra corrupção envolvendo altos dirigentes do MPLA que vão sendo julgados pelos tribunais.
O partido que sustenta o Governo levou à debate na Assembleia Nacional na última semana o tema combate contra corrupção.
Com a actual realidade pandémica, a pólvora dos problemas sociais em Angola explodiu.
A activista de direitos humanos e consultora para questões de género Delma Monteiro apontou recentemente em mesa redonda sobre o assunto um conjunto de situações ligadas à violação dos direitos fundamentais dos cidadãos em Angola.
“Na verdade, a realidade pandémica veio trazer-nos uma fotografia mais minuciosa e detalhada de todos os problemas sociais que o país já vivia e isto tem uma incidência grande no que respeita os direitos humanos”, frisou a activista para quem as limitações legais impostas pela pandemia sem as condições para o efeito violam os direitos essenciais.
O não agravamento da situação social do país e, particularmente das crianças mais desfavorecidas, é o que deseja para 2021 a coordenadora do Projecto Coração Aberto, Laureana Simão para quem este ano a iniciativa vai continuar a ajudar os lares e centros de acolhimento de menores em nome na fraternidade e da necessária preocupação para com os mais necessitados.
Acompanhe aqui mais uma edição da Janela de Angola:
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