Organizações da sociedade civil disponibilizam-se para mediar um eventual diálogo entre a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e os partidos políticos em Angola.
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Os líderes dos quatro maiores partidos da oposição angolana querem uma nova contagem dos votos nas províncias e propõem a formação de uma Comissão de Bons Ofícios da Sociedade Civil e das Igrejas para apurar o que se passou na contagem dos votos.
A CNE, através do seu presidente, disse nesta segunda-feira, 4, que a democracia angolana é madura e não se compadece com a criação de estruturas “ad hoc”.
Em reacção ao apelo dos partidos da oposiçãopara a formação de uma Comissão de Bons Ofícios da Sociedade Civil e das Igrejas para apurar o que se passou na contagem dos votos, o padre Jacinto Pio Wakussanga, presidente da Associação Construindo Comunidades (ACC), diz-se estar preparado para participar nos trabalhos desde que seja convidado.
“Primeiro, tempos que acertar com a sociedade civil mas caso sejamos convidados estamos disponíveis”, sublinhou o sacerdote.
A ideia de um diálogo entre as partes também ganha corpo junto da sociedade civil.
André Augusto, coordenador da ONG angolana SOS Habitat, aceita o desafio e fala dos primeiros passos a serem dados.
“Estamos sim disponíveis desde que sejamos convidados e deve-se começar logo com acertos juntos da CNE com um calendário para se poder começar os trabalhos”, explicou Augusto.
Quem também se mostra disponível para participar num diálogo entre as partes é presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire dos Santos, desde que, como diz, seja convidado.
“Temos na associação jornalistas e juristas e estamos disponíveis”, assegurou.
Contactado pela VOA, o presidente da comissão directiva da Amangola, outra organização não governamental, Job Castelo Capapinha, considera ser cedo para se pronunciar.
Na passada quarta-feira, 30 de Agosto, a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) disponibilizou-se para mediar negociações nesta fase pós-eleitoral.
Várias grupos da sociedade civil angolana exigem igualmente a publicação dos resultados finais da contagem paralela feita pelos partidos políticos da oposição.
CNE refuta
A CNE repudiou as acusações de inconstitucionalidade e ilegalidade feitas ontem contra o órgão e as eleições de 23 de Agosto pela UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA
O presidente da CNE, André da Silva Neto, disse nesta segunda-feira, 3, que "em momento algum" os mandatários reclamaram o desaparecimento de urnas e votos, bem como o surgimento de novas urnas.
Na sua decaração, Silva Neto lembrou que apenas o Tribunal Constitucional tem competência para "aferir da inconstitucionalidade e da ilegalidade dos actos da Comissão Nacional Eleitoral".