Os acontecimentos de 27 de Maio de 1977 foram um dos temas abordados hoje, 15, na Conferencia Nacional sobre Verdade e Direitos Humanos organizada pela AJPD e Open Society. Algumas vitimas dos acontecimentos apresentaram na primeira pessoa o seu testemunho sobre o assunto, como os casos de José Fragoso, da Associação 27 de Maio, e o jornalista Reginaldo Silva.
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Fragoso contou que escapou por pouco aos fuzilamentos de Maio de 1977 e defende uma Comissão da Verdade em Angola, mas que só acontecerá depois da mudança do actual regime.
"Todos os indivíduos que mataram em 1977 são generais, alguns são ministros, os órgãos de soberania como o Tribunal Constitucional, Procuradoria Geral da República e o anterior presidente do Supremo Tribunal são dirigidos por indivíduos que mataram, então acho impossível qualquer comissão da verdade".
Outra vítima do 27 de Maio, o jornalista Reginaldo Silva acredita que os acontecimentos do "Fraccionismo" deixaram marcas fortes as pessoas até hoje.
Já Ngola Kabango, da FNLA, pensa que uma Comissão da Verdade seria uma das soluções deste problema e apela por uma maior abertura do partido no poder. "Se o MPLA foge aos debates está a adormecer à sombra da bananeira e vai ser ultrapassado pela dinâmica da sociedade"
O mesmo recado endereçou a Unita ao seu maior adversário político, na voz de Adalberto da Costa Junior. “O MPLA ainda não foi capaz de sentar e debater os seus passivos, a Unita está a demonstrar abertura em trazer para aqui temas sensíveis da sua vida e os nossos compatriotas do MPLA deveriam abrir o livro do 27 de Maio e outros acontecimentos que servem de limitação dos direitos dos cidadãos".
Refira-se que o MPLA não se fez presente, apesar de, segundo a organização do evento, terem sido endereçados convites a figuras da Presidência da República que não compareceram à conferência que termina amanhã em Luanda.