O Chefe de Estado da Guiné-Bissau e Presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) recebeu palavras de elogio do seu homólogo da Ucrânia num encontro em Kyiv nesta quarta-feira, 26.
Úmaro Sissoco Embaló manifestou na ocasião a vontade da África de servir de ponto de diálogo entre os “dois irmãos”, segundo ele.
A 25 de outubro, Sissoco Embaló foi recebido em Moscovo pelo Presidente russo, Vladimir Putin, a quem entregou um pedido da CEDEAO por diálogo entre a Rússia e Ucrânia.
“É o primeiro líder de um país africano que visita a Ucrânia desde 24 de Fevereiro e tem a oportunidade de ouvir a verdade sobre a situação no nosso país e que está a ter influência em todos os outros países do mundo", disse Volodymir Zelenskyy, em declarações aos jornalistas, e pediu a todos os “líderes conscientes” que se unam para fazer frente à “segurança” comum colocada em causa pela "guerra criminosa desencadeada pela Rússia" que, segundo ele, piorou as condições sociais e políticas em muitos países.
"Milhões de pessoas na Ásia, África e Europa estão numa situação mais difícil devido à agressão russa", sublinhou Zelenskyy, que agradeceu o voto do Governo da Guiné-Bissau na resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que condenou a anexação de quatro regiões da Ucrânia pela Rússia.
O Presidente ucraniano manifestou seu interesse em desenvolver relações de cooperação com os países africanos e admitiu a realização de uma cimeira Ucrânia/África no seu país e potenciar a cooperação com a CEDEAO.
O Presidente guineense fez o mesmo pedido que endereçou a Putin ao defender um "diálogo direto" entre a Rússia e a Ucrânia, "dois países irmãos", e disse que a CEDEAO e a Africa querem “reaproximar os dois países para que encontrem verdadeiramente um caminho para a paz".
E ele disse ter uma mensagem de Putin: “Ontem estive na Rússia com o Presidente Putin que me encarregou de transmitir-lhe essa mensagem. Ele (Putin) pensa que é muito importante o estabelecimento do diálogo directo entre os dois países”.
Sissoco Embaló afirmou que Zelenskyy pode estar seguro de que não é por causa de fertilizantes ou cereais que a África está a precisar, mas a África é portadora hoje de uma mensagem de paz e deseja aproximar os dois países irmãos para que possam encontrar um caminho da paz”.
O Presidente guineense disse também que vai pedir à Rússia para libertar os 182 barcos ucranianos que "estão sob custódia russa".
Sissoco Embaló disse ter ficado chocado com a destruição que viu e as valas comuns, “triste esta situação”.
"Eu sou o porta-voz de todo o continente africano que está preocupado com a estabilidade na vossa região", afirmou o Presidente guineense em retribuição à afirmação de Zelenskyy de que ele é o primeiro líder africano a visitar a Ucrânia desde o início da invasão russa.
O Chefe de Estado guineense fez questão de frisar que a visita a Moscovo e Kyiv foi realizada em nome da CEDEAO.