Sindicato e ex-funcionários acusam associados da Chevron de falsificar documentos

Palácio da Justiça em Luanda (Foto de Arquivo)

Em causa processos de indemnização a antigos funcionários

A multinacional americana Chevron, operadora do campo petrolífero de Cabinda, está a ser associada a um esquema de falsificação de documentos e de identidades que visa obstruir processos judiciais para não indemnizar trabalhadores despedidos em Angola.

As acusações são do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petrolífera e Afins de Cabinda e de ex-funcionários da companhia que apresentaram na justiça angolana uma queixa-crime contra altos funcionários da Chevron e profissionais afectos à firma Advogados Fátima Freitas.

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Sindicato e ex-funcionários acusam associados da Chevron de falsificar documentos - 3:30

Nos dois processos, as procurações forenses exibidas pelos autores tentam impedir o pagamento de uma indemnização a um trabalhador indevidamente despedido por doença profissional e de obstrução da justiça em demandas contra a Chevron.

O esquema, de acordo a documentos a que a VOA teve acesso, é alegadamente imputado ao director do Gabinete Jurídico e Negociações da Chevron e de advogados afectos à firma Fátima Freitas.

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Para os sindicatos, não se percebe porque nas acções judiciais contra a Chevron, que tem uma relação directa com os trabalhadores, aparece a Cabinda Gulf, como se empregador fosse.

André Capita, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petrolífera e Afins de Cabinda, diz que o esquema vem de longe.

Nos documentos, Cristian Nunez assina como vice-presidente da Cabinda Gulf Oil Company Limited (Cabgoc), sucursal de Angola, com sede no edifício da Chevron, e apresenta declarações das Ilhas Bermudas.

Para Januário Sumbo, ex-funcionário da Chevron despedido por doença profissional, a Procuradoria-Geral da República já devia ter detido “os autores desta falsificação” e acusa aquela instância de denegação da justiça, “por considerar haver um esquema fraudulento para obstruir a justiça angolana”.

Contactado pela VOA, Cristian Castro agradeceu, mas disse não poder prestar nenhum depoimento por ser de reserva exclusiva da Chevron.

A Cabinda Gulf Oil Company Limited, através do seu director de Relações Públicas, Renato Almeida, afirmou que não vai fazer comentários sobre litígios em curso.

A VOA contactou o escritório de advogados Fátima Freitas, mas sem sucesso.

Da mesma forma, por email, solicitamos ao diretor-geral da Cabgoc, Derek Dupree Magness, um posicionamento, mas não obtivemos qualquer resposta.