Sindicato e analistas criticam processo de despedimento de 200 trabalhadores da TAAG

Avião da TAAG, companhia de bandeira angolana, levantando voo no aeroporto de Lisboa. 24 Abril, 2018

Companhia aérea diz que tudo está a ser feito dentro da legalidade e que o corte deve à reestruturação da empresa

A companhia aérea angolana de bandeira anuncia o despedimento de 200 trabalhadores por justa causa, de acordo com a direcção da TAAG no âmbito do processo de reestruturação da empresa.

Sindicato e analistas criticam a medida e consideram que a TAAG, à semelhança de outras empresas públicas, estão tecnicamente falidas.

A TAAG já informou que o processo está em curso e a seguir todos os procedimentos legais.

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TAAG despede trabalhadores - 1:40


O Sindicato dos Trabalhadores Organizados do Sector Petrolífero e Afins (STOSPA) lamenta a atitude e entende ser uma medida arbitrária ja que, no seu entender, a TAAG não está a respeitar as normas estabelecidas pela lei geral de trabalho vigente em Angola.

"A entidade patronal, no caso a TAAG, está a impor as suas condições atropelando a lei geral que estabelece, neste tipo de situações, que se deve submeter a intenção de despedimento à Inspecção Geral do trabalho, e só depois de uma posição desta é que pode efectivar o despedimento, não é isso que ocorre, porque o patrão aqui é o Estado".

O jornalista e economista Alexandre Neto Solombe entende que o número avançado pode ser maior e não deixou de associar a medida do despedimento dos trabalhadores da TAAG à viagem do chefe de Estado angolano a Cabo Verde.

"Quando vemos o Estado angolano a assegurar, por um contrato, o chamado leasing, a cedência de aeronaves a companhia cabo-verdiana, quando temos a TAAG a despedir 200 trabalhadores que podem ser mais, é claramente uma extravagância, vaidades, quando a TAAG tenta ajustar os modelos de gestão à economia de mercado vemos estes problemas porque há muita interferência política na gestão da TAAG", aponta Solombe, para quem tanto a companhia aérea como outras empresas estatais “há muito que tecnicamente estão falidas”.

Por seu lado, o jurista Manuel Kangundo reforça que “primeiro, a direcção da empresa deve prestar uma informação prévia à Inspecção Geral do trabalho e somente quando houver um parecer favorável da inspecção pode se efectivar o despedimento, fora disso é ilegal".

Kandungo também pergunta como uma empresa com “mil problemas como a TAAG tira um avião na própria empresa para ir oferecer a Cabo Verde”.

“Solidariedade tudo bem, mas não à custa do sofrimento dos seus, da desgraça do seu povo”, afirma.

A TAAG assegurou que o processo de despedimento destes 200 trabalhadores está a seguir todos os trâmites da lei.