O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, considerou que Moçambique ainda tem “desafios para alcançar a verdadeira paz”, apesar do prolongamento de 60 dias das tréguas, anunciado nesta terça-feira, 3, pelo líder da Renamo.
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Simango, líder do terceiro maior partido, disse ser necessário compreender se com essas tréguas as partes estão a atacar o essencial para devolver a paz aos moçambicanos, e como estariam a ser tratatos os princípios que deviam ser regidos pela Assembleia da Republica, sobre as exigências da Renamo e do Governo, insistindo no principio da revisão da constituição para acomodar a real situação dos moçambicanos.
“Eu penso que ainda temos muitos desafios pela frente. Primeiro é preciso compreender se com essas tréguas estamos a atacar o essencial, e o que tera acontecido com os principios que deveriam ter ido a Assembleia da Republica”, observou Simango.
O também autarca da Beira lembrou que o país foi surpreendido com o anúncio de uma trégua de uma semana a 27 de Dezembro último, tendo sido prolongada para 60 dias nesta terça-feira, 3, sem clareza sobre os principios das negociações que deviam ser regidas pela Assembleia da Republica.
Daviz recordou que em sede de diálogo foi aprovada uma resolução com sete principios que devia ser remetida à Assembleia da Republica até Novembro, prevendo-se que fosse debatida até 15 de Dezenbro passado, o que não aconteceu.
“O que esta a acontecer com tudo isso?”, indagou Daviz Simango, revelando que “nesta suposta trégua de uma semana houve incidentes. Houve compatriotas nossos que morreram por balas (na primeira parte da trégua) e esses incidentes não são tornados públicos”.
Simango disse que o essencial a ser atacado de frente e com coragem, neste processo de busca de paz, seria a revisão da Constituição da República, que considera não se adequar à conjectura económica e política actual do país, para servir aos moçambicanos.
“O grande problema dos conflitos politicos e economicos que hoje atravessamos estão em torno da nossa Constituição. Neste momento há que adequar e adoptar e a nossa Constituição a dinamica de Moçambique. E nós (MDM) insistimos na revisão da Constituição da Republica”, precisou Daviz Simango.
Simango disse ser fundamental que o “futuro visionário” dos moçambicanos esteja plasmada na Constituição da Republica, salientando as necessidades de reduzir os poderes do chefe do Estado, da eleição dos governadores provinciais e a descentralização.
“O problema de descentralização é um problema do país, é um problema de todos nós e enão pode ser discutido por dois partidos, portando estamos a cometer um erro grave naquilo que é o futuro da estabilidade do país” observou Daviz Simango, afiançando que “enquanto não houver a revisão da Constituição, enquanto não se admitir a eleição dos governadores e da descentralização efectiva em todo o territorio nacional, da redução dos poderes do chefe de estado, vamos continuar a ter conflitos no pais”.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou nasta terça-feira, 3, o prolongamento de 60 dias da trégua de uma semana para permitir as negociações de paz entre o executivo e o principal partido da oposição, sob mediação internacional, de que se mostrou optimista.