Shell anuncia encerramento de oleoduto no Delta do Níger

  • Heather Murdock

Alerta da Shell a navegação na enseada de Nembe Creek onde passa um dos seus oleodutos (Arquivo)

Roubo de petróleo está na base da decisão que deverá ser temporária enquanto durar as obras de reparação
A Shell Nigeria uma das maiores companhias petrolíferas no Delta do Níger, tem planos para encerrar o mais importante oleoduto na região por causa de roubo do crude sem precedentes.

Heather Murdock, correspondente da VOA em Abuja, diz que os observadores consideram que mesmo reparando os oleodutos, o problema não será solucionado.

Encerrar um oleoduto por onde passam 150 mil barris diários de petróleo é um grande desafio, mas a Shell na Nigéria diz que não tem outra alternativa. A empresa afirma que tem que encerrar temporariamente o oleoduto de Nembe Creek Trunkline, para tapar os furos causados pelo roubo de petróleo. A Shel não avançou no entanto para quando prevê retomar as operações na mesma infra-estrutura.

As forças de segurança dizem por sua vez que têm combatido com sucesso o roubo de combustíveis, mas a Shell afirma que a sabotagem aumentou dramaticamente este ano.

Joseph Adheke um trabalhador petrolífero diz que as pessoas têm comprado, vendido e transportado petróleo ilegalmente a luz do dia no golfo do Delta do Níger.

“Um batelão que podia em três horas percorrer a baia, leva todo o dia a fazer o percurso de uma a duas milhas. Como podem eles não serem presos? Como podem eles transportar o crude e escapar a vigilância, aos militares e aos outros.”

A Nigéria é o maior exportador de petróleo, com a extracção de cerca de dois milhões e meio de barris de crude por dia. Contudo os nigerianos no Delta do Níger queixam-se há muito que o que ganham de tudo isso são os derrames massivos de petróleo que afectam sobremaneira o meio ambiente.

Isitoah Ozoemene, académico na Universidade de Warri, uma cidade petrolífera do Delta do Níger diz que o roubo de petróleo aumentou e as forças de segurança estão a deter mais pessoas por causa disso.

Ozoemene diz todavia que as razões da persistência desse fenómeno devem-se ao facto dos principais beneficiários serem ricos e “grandes homens” os chamados “bunkers ilegais” que de certa forma aproveitam-se dos jovens desempregados e frustrados pela pobreza na região.

“Os bunkeres continuam a faze-lo porque existem muitos jovens que estão frustrados com o sistema e prontos a trabalhar com eles para os seus próprios benefícios.”

Isitoah Ozoemene diz por isso que a resposta ao problema não deve ser a de limitar a população local em ganhar dinheiro, mas sim encontrar formas de tornar legal a sua acção.

Outros observadores adiantam contudo que se as forças de segurança não fossem corruptas, seria quase que impossível roubar o crude. Outros afirmam por sua vez que a resposta talvez seria em pagar as pessoas para vigiarem os oleodutos em vez de tentarem impedi-las em roubar o crude.