Ser bandido, imigrar ou continuar a lutar, questionam jovens angolanos

Jovens protestam por emprego, Benguela, Angola

A Voz da América quis saber junto de vários jovens em Luanda a sua visão para os próximos tempos.

A falta de oportunidades de emprego e a fraca qualidade da educação geram frustração entre os jovens angolanos, que se veem sem muitas opções para realizar os seus sonhos no país.

Uns ainda acreditam na luta, outros pensam em emigrar, enquanto há quem veja no crime um caminho inevitável.

A Voz da América quis saber junto de vários jovens em Luanda a sua visão para os próximos tempos.

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Ser bandido, imigrar ou continuar a lutar, questionam jovens angolanos

Para Ananias Canda, 23 anos de idade, o problema começa no próprio sistema de educação que, segundo ele, está falido.

“O próprio sistema como está falido faz com que a consequência vai acarretar as instituições académicas e outras instituições e faz com quem com que o país não ande”, aponta Canda.

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Em função dessa dificuldade, ele diz que quando olha para frente, "vê poucas possibilidades em relação ao seu futuro, mas ainda assim com essas dificuldades, eu vejo (o futuro) com bons olhos".

"Eu vou à luta a cada dia que passa”, conclui Canda.

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Cristina Frederico, de 19 anos de idade, explica que, diante das dificuldades, muitos jovens não conseguem seguir os seus sonhos e acabam apenas para o sustento.

“Eu procuro fazer algo que renda e que eu, pelo menos, goste, porque se for muito difícil, podemos terminar frustrados, como muita gente que terminou o ensino superior e está desempregada”, afirma Frederico.

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Ela entende que o foco é procurar alguma coisa que "renda e que a gente goste".

Cristina Frederico conta que estuda engenharia informática, mas decidiu estudar contabilidade porque gosto muito de números e que "também é um curso bastante concorrido".

"Então, vou fazer algo que rende”, acrescenta.

Aquela estudante reconhece, no entanto, que uma das soluções é emigrar.

“Se alguém me der uma oportunidade de emigrar, não pensaria duas vezes iria logo porque aqui mesmo, se você terminar o ensino superior, você não tem a probabilidade de conseguir uma vaga de emprego”, admite Frederico, lembrando que “até alguém que trabalha com a cena de limpeza fora do país, ganha melhor do que o nosso professor”.

Para Josimar Sebastião, de 18 anos de idade, a imigração não é uma solução viável, pois lá fora, desafios podem ser ainda maiores, como racismo e discriminação.

Sem muitas opções, ele vê o crime como um caminho que infelizmente se torna atraente para alguns jovens:.

"É duro quando você termina a formação, se você não tiver alguém, na cozinha, ou um padrinho que te ajuda, aqui não vai ser nada”, lamenta, Sebastião, que sintetiza que " ou você vai ser empregado de alguém ou você vai preferir ser um delinquente.

Ficar e lutar por um futuro melhor, tentar a sua sorte fora do país, ou ceder às tentações do crime, são as perguntas que muitos fazem sem encontrar respostas fáceis.