Senegal: Oposição ganha eleições presidenciais

  • AFP

Pessoas reúnem-se em frente à sede do candidato Bassirou Diomaye Faye, em Dakar, a 24 de março de 2024, enquanto se esperam os resultados das eleições presidenciais senegalesas.

Muitos esperam que a votação traga estabilidade e um impulso económico ao Senegal, após três anos de turbulência política sem precedentes.

O candidato da oposição do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, deverá ser declarado o próximo presidente do país, depois do incumbente, Macky Sall, o ter felicitado como seu sucessor, saudando "uma vitória para a democracia senegalesa".

Tal foi depois do rival de Faye, Amadou Ba, ter cedido a corrida e apresentado felicitações.

Sall não se podia candidatar por ter já cumprido dois mandatos.

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Os resultados da primeira volta das eleições presidenciais, sugeriam que Faye, de 44 anos, poderia ter obtido uma maioria absoluta. As tendências anunciadas nos meios de comunicação locais deram origem a celebrações de rua por parte dos seus apoiantes na capital, Dakar.

O candidato da coligação governamental, Amadou Ba, de 62 anos, depois de considerar estes festejos prematuros acabaria por telefonar a Faye para o felicitar, disse um porta-voz do Governo aos jornalistas.

Uma transição pacífica do poder no Senegal constituiria um impulso para a democracia na África Ocidental, onde se registaram oito golpes militares desde 2020.

Estabilidade

Algumas das juntas que tomaram o poder cortaram os laços com os tradicionais detentores do poder na região, como a França e os Estados Unidos, e voltaram-se para a Rússia em busca de ajuda na luta contra uma insurgência jihadista que se espalha pelos países vizinhos do Senegal.

Os resultados oficiais deverão ser anunciados pelo tribunal de recurso de Dakar na sexta-feira.

Muitos esperam que a votação traga estabilidade e um impulso económico ao Senegal, após três anos de turbulência política sem precedentes numa das únicas democracias estáveis da África Ocidental, que deverá começar a produzir petróleo e gás este ano.

Ba era o candidato apoiado pelo Presidente cessante, Macky Sall, que desixa o cargo após dois mandatos marcados por dificuldades económicas e violentos protestos contra o governo.

Popularidade

Faye deve grande parte do seu sucesso ao apoio do líder da oposição Ousmane Sonko, que foi impedido de concorrer devido a uma condenação por difamação.

Os dois antigos inspectores fiscais fizeram campanha juntos sob o lema "Diomaye é Sonko", prometendo combater a corrupção e dar prioridade aos interesses económicos nacionais.

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Eles são particularmente populares entre os jovens eleitores, num país onde mais de 60% da população tem menos de 25 anos e lutam para encontrar emprego.

A repressão policial dos protestos, o facto de o governo não ter conseguido amortecer o aumento do custo de vida e as preocupações de que Sall tentasse prolongar o seu mandato para além dos limites constitucionais deram força à oposição.

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Mas os investidores estão preocupados com uma potencial mudança de liderança para um governo antissistema, que poderá não seguir as mesmas políticas favoráveis às empresas observadas durante o governo de Sall, que atraiu investimentos em infraestruturas.