Analistas divergem quanto à composição do novo Governo de Moçambique, uns afirmando que não reflecte a inclusão defendida pelo Presidente Filipe Nyusi, e outros considerando que inclusão não significa, necessariamente, a integração de membros da oposição.
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"O Presidente Nyusi sempre fala de inclusão, mas, claramente, o seu novo Governo não reflecte isso", afirmou o jurista Tomás Vieira Mário.
Realçou que inclusão não é apenas em termos de gerações ou do género, "inclusão é integrar no Governo membros de partidos da oposição, e isso não aconteceu".
"Como ainda falta nomear secretários de Estado provinciais, talvez ai possamos ter figuras de outros partidos", concluiu Tomás Vieira Mário.
"Em absoluto, este Governo não é inclusivo. O Presidente Nyusi escolheu apenas pessoas do Partido Frelimo", disse Adriano Nuvunga, director do Centro para a Democracia e Desenvolvimento-CDD.
Na opinião de Nuvunga,"não há aqui qualquer tentativa de inclusão, e nesse sentido, este é um Governo excludente. Apesar das boas intenções e das falas constantes do Presidente da República sobre a inclusão, ele aceitou apenas pessoas do Partido Frelimo".
Contudo, o jurista José Machicame considera que no novo Governo há caras novas que não são militantes de proa e nem se conhece uma militância activa no partido Frelimo, entre as quais a nova ministra da Cultura, Eldevina Materula.
Explicou que Materula "nunca foi militante activa da Frelimo. Claramente, ela vai ao Governo tendo bilhete de competência pelo trabalho que vem desenvovendo na área da música clássica".
Referiu ainda que "há gente que vem da academia, como é o caso do ministro da Saúde, Armindo Daniel Tiago, muito ligado à investigação, e do ministro dos Transportes e Comunicações, Janfar Abdulai, que era representante do Banco Central em Cabo Delgado, que tem uma orientação mais tecnocrata do que propriamente política".
"Tendo em conta a história da Frelimo e o passado do país, e olhando para a anatomia do actual Governo, penso que há provas de passos que estão sendo dados no sentido da inclusão, mas ainda estamos longe duma inclusão plena", sublinhou José Machicame.
Por seu turno, Julião Arnaldo, entende que inclusão não significa chamar para o Governo membros da oposição, "inclusão é levar pessoas competentes desde que sejam moçambicanas e mereçam a confiança do Chefe de Estado".