A forte presença policial nas ruas de Bissau impediu a realização de duas manifestações previstas para este sábado, 27.
A internet foi cortada durante toda a manhã.
A Voz da América conseguiu falar com várias fontes apenas ao final da manhã em Bissau.
Apesar das manifestações previstas, uma a favor do Governo, convocada pela plataforma "Firkidja di Povo" (Forquilha do povo, em português) e outra contra o regime, organizada pela Frente Popular (FP), que reúne várias associações, não terem sido realizadas, a FP disse que, "mais uma vez, contra todas as disposições legais, as forças a mando da ditadura a desgovernar a Guiné-Bissau sequestraram dezenas de cidadãos indefesos que estavam a mobilizar-se em diferentes artérias de Bissau para a manifestação”.
"Para impedir que as informações sobre os sequestros em curso sejam difundidas pelos meios de comunicação social e pelas redes sociais, o regime pôs em curso uma estratégia de limitação e cortes das redes da Internet em toda a Guiné-Bissau”, acrescenta a organização.
A FP anunciou que fará, mais tarde, um comunicado sobre "as diligências feitas durante a semana junto do Ministério do Interior para que não acontecesse nada semelhante à barbárie cometida pelo regime na manifestação pacífica realizada no passado 18 de maio”.
"A Frente Popular exige a libertação imediata e incondicional de todos os manifestantes sequestrados; responsabiliza o Governo da iniciativa de Umaro Sissoco Embaló, Presidente da República, por atos de violência gratuita contra cidadãos em protestos pacíficos e reitera a sua determinação em continuar a lutar pelo respeito às leis e ao direito dos guineenses viverem na paz e com dignidade", conclui o comunicado publicado na página do Facebook da FP.
A organização, cujo coordenador Armando Lona, e mais de 80 membros e simpatizantes foram detidos quando pretendiam fazer uma manifestação a 18 de maio, intentava manifestar-se hoje "contra a fome, a ditadura, pela salvação da democracia e justiça na Guiné-Bissau".
Do outro lado, a plataforma "Firkidja di Povo" convocou um protesto para manifestar a indignação "pela decisão do juíz que libertou os senhores Suleimane Seidi e António Monteiro, que roubaram no Tesouro Público seis mil milhões de francos CFA".
A organização apelou ainda aos guineenses "para apoiarem o Presidente do país, Umaro Sissoco Embaló, nas próximas eleições para o seu segundo mandato".
As autoridades ainda não se pronunciaram.