O vendaval que abateu no sábado10, sob os distritos Chimoio, Gondola e Vanduzi, na província moçambicana de Manica, afectou 5.970 pessoas, de um total de 1194 famílias, e deixou oito mortos.
Num balanço oficial, 188 casas foram destruídas, metade das quais apenas em Chimoio, a capital de Manica, 629 casas sofreram destruição parcial e deixando 2.135 pessoas necessitam de assistência alimentar e material.
Muitas famílias ainda estão ao relento ou em escombros dos edifícios desabados.
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Enia Samuel, de 39 anos, ainda esperava por terminar a cobertura da casa, de quarto e sala, destruída há quase dois anos pelo ciclone Idai num subúrbio de Chimoio, quando o temporal arrancou as poucas folhas de zinco, que davam forma ao teto, e voltou a viver ao relento com a família de seis membros.
Ao lado de um entulho de tijolos de argila, que desabaram da casa, a camponesa improvisou uma cabana de capulanas – tecido tradicional – sustentados em pequenas estacas, que não defendem da chuva, que teima em cair.
“Tivemos que improvisar esta cabana para nos escondermos, enquanto procuramos refazer a estrutura”, explica à VOA Samuel, quem conseguiu recuperar quase a meio quilómetro da sua casa o material que “voou” do teto.
“Já foram assistidas 280 pessoas, que corresponde a 48 famílias com lonas e alimentos” explicou à VOA uma fonte do Centro Operativo de Emergência (COE) provincial de Manica, o órgão que coordena os vários setores do governo na resposta a desastres.
Algumas famílias foram colocadas em abrigos temporários, escolas e igrejas.
O vendaval destruiu igualmente três postos de saúde, duas escolas e oito locais de culto religioso nos distritos de Chimoio e Gondola, e já foram iniciados trabalhos de reposição de tetos das infraestruturas sociais.
“O mau tempo chegou de repente, e não deu para prevenir. Foi tudo rápido e fiquei sem o teto da casa”, disse Valentino Julião, um carpinteiro em Tembwe, no subúrbio de Chimoio, que voltou a pregar no teto as chapas que conseguiu recuperar após o vendaval.
Ameaças nos períodos críticos
O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) de Moçambique, em Manica alertou que em períodos críticos, a província mantém-se sob ameaça de eventos extremos, por vezes com “intensidade muito forte”, como o vendaval de sábado.
“Um fenómeno similar, com chuva intensa de duração curta, ventos muito fortes e descargas atmosféricas antecedidos de temperaturas elevadas, pode voltar a ocorrer a qualquer altura em Manica”, disse Alexandre Tique, delegado provincial do INAM em Manica.
Apesar do sistema formado no sábado estar a abrandar, segundo o INAM, nova chuva prevista para quinta-feira, 15, desespera Enia Samuel, que espera por uma mão solidária para se reconstituir.
“Só me basta um teto, para ter força de voltar a fazer a minha machamba e biscates para sobreviver” conclui a camponesa.