O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, afirmou que “a guerra está no fim” e admitiu anunciar uma trégua definitiva a partir do dia 5 de Maio, quando se esgotar o prazo do segundo prolongamento de 60 dias, se houver um consenso nas negociações com o Governo, incluindo as garantias de sua segurança.
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Analistas políticos ouvidos pela VOA dizem que o anúncio de Dhlakama é mais uma posição para “uma paz aos pedaços” e alertam que o secretismo nas negociações pode prolongar as zonas de penumbra na pacificação do país, por considerarem que o novo acordo de paz terá de mexer com a Constituição da Republica.
“Porque dá-se uma semama de paz e prorroga-se, dá-se dois meses e prorroga-se e depois mais dois meses, e voltamos com uma paz aos pedaços”, frisou Domingo Rosário, politólogo, acrescentando que há um secretismo nas negociações entre o Presidente da Republica, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, o que não permite vaticinar o alcance de uma paz não problemática.
Rosário observa que, muito além de um acordo político, o assunto militar, que também está em cima da mesa, é muito complexo, porque não se resume na integração dos homens armados da Renamo na Polícia ou no exército.
“Será que este acordo politico vai permitir alterar algumas questões básicas como a Constituição da República e outros instrumentos legais?”, questionou Domingo Rosário, também membro da organização não-governamental Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC).
Ele advertiu ser preciso um acordo muito mais profundo do que o enquadramento dos homens da Renamo no exército.
Por sua vez, o também politólogo Edson Isaíasdisse que as vias formais e informais que estão sendo usadas para a pacificação do país são bem-vindas, mas não acredita que o pronunciamento na quarta-feira, 19, de Afonso Dhlakama, seja resultado da intervenção do régulo Mangunde, pai do líder da Renamo, como pediu a governadora de Sofala, Helena Taipa.
“Os caminhos para os consensos são os de menos, mas os resultados sim, precisam ser consistentes, porque o que vemos até agora, é as negociações a mexerem com toda a sociedade. Então todas as formas para trazer a paz definitiva são necessárias”, disse Edson Isaías, adiantando que o caminho informal da governadora de Sofala, foi justificado nestes termos.
O anúncio de Dhalakama acontece dias depois de a governadora de Sofala, Helena Taipo, ter pedido ao pai do presidente da Renamo, o régulo Mangude, para interceder junto do filho para que declare o fim da guerra.
Por seu turno, Martinho Marcos, analista politico, vai mais longe salientando que o próximo acordo de paz devia ser definitivo, para não diluir o mérito internacional de Moçambique, reconhecido pela forma pacifica de resolver os desentendimentos internos.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e o Presidente Moçambicano, retomaram comunicações em Dezembro de 2016, como forma de encontrar caminhos para a paz, após longos meses de negociações infrutíferas entre o Governo e a Renamo, mesmo com a presença de observadores internacionais.