A nacionalização das roças coloniais de cacau, a 30 de Setembro 1975, foi o primeiro grande acto do novo Estado independente são-tomense. A decisão gerou algumas contradições entre os dirigentes do MLSTP, que estavam na liderança do país.
Quarenta anos depois, a troca de palavras continua. José Frete Lau Chong, na altura ministro da informação, justiça e trabalho, reafirma que “estávamos convencidos que deveríamos nacionalizar o que era nosso. Sabíamos que era vontade do povo, e acreditávamos piamente que mesmo sem ter quadros podíamos tomar as rédeas da nossa economia”.
Mas, reconhece Lau Chong, “não tivemos tempo para preparar” e gerir melhor as roças.
Guadalupe de Ceita, outra figura dos tempos da luta de libertação nacional, culpa o regime “ditatorial de partido único”, que assumiu o comando do país, em 1975, pelo colapso da economia do cacau.
“Eu vi tudo transformado em mata,” diz o político que acredita que teria feito o melhor para o país.
Miguel Trovoada, que foi primeiro-ministro e presidente do país, concorda que a economia colapsou, mas minimiza dizendo que a razão disso foi a falta de experiência, tanto que São Tomé “não foi caso único; fenómeno atingiu todos os nossos países (…) tomamos opções que faziam sentido ideologicamente, mas na prática revelaram-se desastrosas.”
Mas em 40 anos nem tudo correu mal, argumenta Manuel Pinto da Costa, primeiro presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe.
“Em 1975, 80% da população era analfabeta. Hoje temos 10 % de analfabetismo,” diz.
Vozes críticas sublinham que no país, que depende em 90% de ajuda externa, persiste a pobreza extrema e apenas alguns “eleitos” têm acesso à educação, saúde, energia ou água potável de qualidade.
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