O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, chegou nesta Segunda-feira 8 à China, para uma visita oficial de seis dias que começa amanhã.
É a quarta visita de Santos à China e oficialmente destina-se a impulsionar as relações entre os dois países, estando prevista a assinatura de vários acordos de cooperação.
Os olhos dos analistas estão, contudo, virados para aquilo que o embaixador angolano em Pequim, João Garcia Bires, disse ser um novo pacote financeiro para enfrentar as dificuldades que o país atravessa.
A imprensa fala de um financiamento de mais de 20 mil milhões de dólares. A confirmar-se, os créditos concedidos pela China a Angola desde 2004 subiriam para 38 mil milhões de dólares.
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"Créditos volumosos roubam parte da dignidade do povo angolano"
Em sentido contrário ao optimismo demonstrado por vários analistas ligados ao regime angolano, o presidente da UNITA alerta para os riscos de uma nova linha de crédito da China, ventilada à luz da visita do Presidente José Eduardo dos Santos.
Isaías Samakuva olha com preocupação para os sinais que apontam para a perda da soberania angolana.
Em determinados círculos políticos, aventa-se a hipótese de novas linhas de crédito, com as quais as autoridades pretenderão fazer face aos desafios impostos pelo contexto económico vigente.
Fala-se mesmo de um empréstimo a rondar os 25 mil milhões de dólares, mais ou menos o valor que certos analistas dizem conformar as receitas cambiais proporcionadas enquanto o petróleo esteve em alta.
Isaías Samakuva refere que estes créditos volumosos roubam parte da dignidade do povo angolano.
“Nós vemos os chineses a impor-nos trabalhadores chineses e os angolanos não podem dizer nada, os angolanos não podem cavar buracos nas estradas ou conduzir uma viatura?”, pergunta o líder da UNITA, para ele mesmo responder: “os chineses impõem porque dão dinheiro a Angola”.
Por seu lado, o economista Vicente Pinto de Andrade vê nas receitas cambiais uma das soluções para o momento actual e não, necessariamente, o recurso à China.
“Não há falta de divisas, o problema é que temos de ter uma lupa porque não sabemos onde elas estão”, explica o académico.