Nas redes sociais ela é conhecida como @sankofapoetisa. Fora delas, Sankofa Umbi Umbi prefere apenas Sankofa, que é o pseudônimo literário de Érica Viegas, ativista e "slammer" (poeta) por missão, juris-pedagoga de formação.
A poetisa tem competido em concursos de "spoken word", batalhas de poesias faladas. Na sua galeria de vitórias, Sankofa tem as seguintes classificações: segundo lugar no concurso "Muhatu, a força da palavra feminina", que teve a sua primeira edição em novembro de 2017, reunindo no palco jovem poetas da cidade de Luanda; segundo lugar no concurso nacional "Luanda Slam" em 2018, e em 2019 manteve o título, no mesmo concurso.
Sankofa contou que as competições de "spoken word" são populares nos Estados Unidos e no Brasil. Aliás, o slam (competição de poesia falada) surgiu nos Estados Unidos na década de 80, e se popularizou no país a partir dos anos 90, chegando ao Brasil no ano 2000.
"É possível encontrar mais conteúdo de slam ou de "spoken word" de brasileiros do que de angolanos. Há um trabalho muito bonito que a Roberta Estrela Dalva faz no Brasil, o slam "Manos e Minas".
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Violência contra a mulher
Em uma entrevista concedida à imprensa angolana a 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Júlia Kitocua, diretora Nacional dos Direitos da Mulher, Igualdade e Equidade do Género, informou que em 2019 foram registados 2.605 casos de violência doméstica. Para Sankofa, este assunto é muito importante por ela ser mulher e por criar instabilidade nas famílias.
"As ações de violência doméstica estavam criando gatilhos na consciência dos adolescentes e das crianças. E esses gatilhos podem depois desenvolver sérios problemas psíquicos. Imagina uma criança que vive num lar perturbado vendo a mãe agredida constantemente. Primeiro vai normalizar a questão da agressão e pode se tornar mais um agressor dentre vários. Segundo, pode ter muitos transtornos psíquicos. E depois acabamos criando uma sociedade futura de pessoas psicologicamente doentes".
No dia 20 de março, Sankofa se juntou à campanha "Violência Contra a Mulher É Crime", a qual teve o vídeo idealizado pelo cineasta Mawete Paciência. A campanha usa nas redes sociais a #PAREMDEMATARMULHERES
Sankofa explicou que a equipa envolvida com a campanha está tentando fazer uma parceria institucional com o Ministério da Família e Promoção da Mulher a fim de criar uma linha telefónica para tratar apenas de denúncias de violência doméstica.
Leia mais em: http://laspretas.com.br/slam-spoken-word-e-poesia-marginal/ | Las Pretas
Projeto "Eu Não Sou Ela"
Em entrevista à Voz da América, Sankofa também falou sobre o projeto com Hitila Vanice "Eu Não Sou Ela," que iniciou em 2019. Hitila Vanice, que também é slammer, tem traços físicos semelhantes aos de Sankofa, e muitas pessoas estavam confundindo as duas poetisas.
"Fizemos o primeiro recital intitulado "Eu Não Sou Ela", para desfazer essa ideia que éramos a mesma pessoa, e agora vamos fazer apresentações em dupla. Os textos têm sempre temas direcionados. A primeira edição de "Eu Não Sou Ela", aconteceu no dia 6 de dezembro de 2019. Nós tivemos 22 textos de "spoken word", no qual o foco principal era a mulher, e 40 por cento dos textos eram de intervenção política".
Para 2020, Sankofa tinha planos de lançar um EP, mas devido à pandemia do coronavírus ela e Hitila Vanice vão ter que esperar. No entanto, Sankofa avisou que a dupla está fazendo o "Ela online", já que ainda não há uma data determinada pelo governo para terminar com o distanciamento social em Angola.
Africano Defenda-se!
A ativista tem estado envolvida em vários projetos, dentre eles uma participação especial em "Africano Defenda-se!", segunda música do álbum Kontra Ofensiva, do artista Kamesu Voz Seca.
A letra da música é uma crítica ao africano e chama a atenção para vários problemas que afetam o continente, sem esquecer que o próprio africano faz parte da solução dos seus problemas.