SADC vai debater situação de Moçambique mas descrença na organização é enorme

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Militares patrulham praça da OMM, onde o advogado Elvino Dias e o mandatário do Partido Podemos foram assassinados em outubro. Maputo, Moçambique, 7 de novembro

Reunião pode acontecer entre 16 e 18 de novembro

Com os confrontos a não darem sinais de diminuição em Moçambique, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) vai analisar a situação no país entre 16 e 18 deste mês.

Enquanto organizações de defesa dos direitos humanos manifestam a sua preocupação com mortes e o perigo de intensificação dos confrontos, há por parte dos moçambicanos uma desconfiança em relação à SADC.

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Cidia Chissungo, da Amnistia Internacional (AI) em Maputo, diz que o candidato independente Venâncio Mondlane recebeu muito apoio dos jovens e muitos cidadãos pensam que ele ganhou a votação e não o candidato de Felimo, Daniel Chapo.

“Há um enorme receio de que a situação se agrave à medida que as pessoas tenham a impressão de que o Governo não está a ouvir as suas preocupações. Neste momento, existem muitas camadas diferentes daquilas que ele está a levar para a rua", aponta Chissungo.

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Mondlane encorajou as manifestações desde as eleições e Chissungo diz que a resposta da polícia aos que considera protestos pacíficos está a contribuir para a violência.

Ela lembra que no dia 18 de outubro, as forças de segurança dispararam sobre os manifestantes e mataram até 20 pessoas.

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"Desde então, tudo piorou. Os manifestantes também estão a retaliar e temos assistido às mesmas situações não só em Maputo, mas em todo o país. As esquadras de polícia também foram alvo, momentos depois de um polícia ter baleado um manifestante. Mesmo sob toda esta tensão, espera-se que as crianças frequentem a escola, e uma das crianças em Maputo foi morta", sublinha aquele membro da AI que diz "continuar a apelar às autoridades para que parem com a repressão aos manifestantes".

A SADC, vai reunir-se entre 16 e 18 para abordar a situação em Moçambique e
Kula Theletsane, oficial da organização, afirma que os líderes da comunidade estão confiantes na resolução da crise.

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"Se o escalar da violência continuar, não colocamos de parte a entrada da Forças de Defesa", Cristóvão Chume

“Dentro da SADC, temos aquilo a que chamamos ‘Painel dos Anciãos’. Também haverá o grupo de mediação, que gostaria de enviar para Moçambique para falar com o Governo, mas também com os partidos da oposição e todas as outras partes interessadas, para encontrar uma solução”, afirma Theletsane.

Mas muitos moçambicanos não confiam na SADC porque dizem que a organização no passado pouco fez para garantir eleições livres e justas em Moçambique e noutros países.

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Kula Theletsane reconhece que os poderes da SADC são limitados e lembra que os países são soberanos.

"Depois de lhes darmos recomendações, um relatório, a SADC não tem qualquer mecanismo para o fazer cumprir. É uma recomendação que um país irá, por vontade própria, implementar ou não. Sim, compreendo que as pessoas estejam a perder a confiança na SADC, mas do lado da SADC, estamos a fazer o nosso trabalho, a observar, a apresentar o relatório e as recomendações que acabarão por melhorar as eleições no futuro", conclui Theletsane.

A SADC anunciou que, em breve, publicará um relatório final sobre as eleições que destacará as irregularidades que possam ter ocorrido e fará recomendações.

A crise de Moçambique está a afetar a região.

Vários países, incluindo a África do Sul e o Zimbabwe, dependem dos portos moçambicanos para exportar produtos para a China.

Preocupadas com a possibilidade de a violência continuar a intensificar, as autoridades sul-africanas fecharam o principal posto fronteiriço com Moçambique, o que significa que não há transporte rodoviário para os portos.

Os responsáveis da indústria mineira da África do Sul dizem que estão a perder milhões de dólares por não conseguirem enviar minerais para o leste da África.

Reportagem de Darren Taylor